No primeiro contato que teve com este Diário, no dia em que o papa Francisco havia determinado que ele assumisse a Diocese de Santo André (27 de maio), dom Pedro Carlos Cipollini adiantou que sua meta seria estar perto do povo e visitar as áreas carentes, pois um bispo precisa ter atitude de servidor. Cinco dias depois, quando assinou artigo publicado por este jornal, mandou abraço às pessoas da região e terminou o texto recomendando ‘coragem’.

Agora, já no cargo, dom Pedro mostra-se um cumpridor das palavras. Basta ver que na data da posse, imediatamente após o término da cerimônia, compareceu ao acampamento dos funcionários demitidos pela GM, que lutavam pela reconquista do emprego em barracas montadas na porta da empresa de São Caetano. Foi levar sua palavra de conforto.

Em três semanas à frente da Igreja do Grande ABC já rodou as sete cidades e, com o olhar atento e simplicidade de gestos – oferece um aperto de mão a todos que cruzam o seu caminho –, diagnosticou a falta de moradia e o desemprego como os dois maiores males que assolam a nossa região.

A coragem expressa no texto publicado revela-se ao tocar em temas complexos, como a crise econômica, corrupção e o descontentamento com a política brasileira, sobretudo com os rumos tomados pelo PT, que nasceu há 35 anos com apoio da Igreja local.

Dom Pedro mostra-se ainda convicto na manutenção da idade penal mínima em 18 anos, apesar de 79% das pessoas da região serem favoráveis à redução para 16. E justifica: “A violência não vai ser debelada aumentando o número de prisões”. O religioso ainda diz que antes de pensar no assunto, o ideal seria analisar como anda a Educação no País, que todos somos vítimas da violência. Na sua visão, não existe violência maior que privar uma criança de coisas básicas, como casa, comida, Educação e Segurança. É para pensar.