Economia Titulo Imóveis
Lançamentos recuam 5% no semestre

Apesar de melhora no resultado no segundo trimestre, mercado sente a crise econômica

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
07/08/2015 | 07:17
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Claudinei Plaza/DGABC


Depois de um início de ano parado, as construtoras intensificaram os lançamentos de imóveis residenciais no Grande ABC no segundo trimestre, com 89% mais unidades colocadas à venda em relação aos primeiros três meses de 2015. O crescimento no número de apartamentos lançados de abril a junho – foram 1.582, ante 848 entre janeiro e março –, porém, não foi suficiente para que a metade inicial deste ano fosse melhor que em igual período de 2014.

No primeiro semestre, as empresas do ramo apresentaram ao mercado 2.540 unidades (de apartamentos), apenas 5,37% menos que as 2.568 de janeiro a junho do ano passado. Os números são de pesquisa da Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC) divulgada ontem.

A expansão no número de lançamentos nos últimos três meses, porém, não significa que o mercado imobiliário da região está passando ileso à crise econômica do País. Uma das explicações para a alta é a liberação de projetos aprovados de residenciais, após meses de espera das companhias do ramo por momento melhor da economia.

“Muitos projetos guardados tiveram de ser lançados, para não perderem a validade dos alvarás e aproveitar leis anteriores de potencial construtivo”, diz a empresária Rosana Carnevalli, que tem construtora com seu nome em São Caetano e é diretora adjunta regional do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo). Ela se refere ao coeficiente de aproveitamento do terreno, que se reduziu com novos planos diretores de municípios da região nos últimos anos. Com isso, prédios com o mesmo número de andares que os de anos anteriores ficaram mais caros para as construtoras.

Outro empresário do ramo, Ricardo Di Folco, lembra ainda que o mercado em 2014 já vinha muito fraco, por causa de eventos como a Copa do Mundo e as eleições. Mas ele ressalva: “Se o investidor se retrai, quem casa e quer morar numa unidade própria não vai esperar. A vida segue, mesmo com as notícias de demissões”, afirma.

Porém, Rosana avalia que o cenário atual tem contribuído para que as empresas fatiem projetos de várias torres e coloquem no mercado aos poucos. “Elas não lançam tudo de uma vez”, cita.


Vendas caem e empresas reduzem preços

Além do menor número de lançamentos imobiliários no primeiro semestre, o segmento também observou recuo de 9,6% nas vendas de imóveis novos na região de janeiro a junho na comparação com igual período de 2014, aponta a Acigabc. Representantes do setor até esperavam retração maior, por causa da cautela da população em entrar em financiamento, com o desemprego crescente e a inflação em alta. Isso sem contar as dificuldades impostas pelos bancos para a liberação de crédito, que andam mais seletivos.

No entanto, o momento atual pode ser de oportunidade para quem vai comprar um imóvel. Com vendas retraídas, as empresas oferecem descontos e fazem promoções para desovar estoques. Isso reflete no preço. Outro levantamento, o Índice Fipezap, realizado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) com o portal Zap, mostra que o valor do m² (metro quadrado) de apartamentos prontos novos e usados no País teve alta nominal de apenas 1,5%, enquanto a inflação acumulada no semestre aproxima-se de 7% – ou seja, na prática, queda real de 5%.

No Grande ABC, o m² em Santo André subiu, sem descontar a taxa inflacionária, 2,89% nos primeiros seis meses, enquanto em São Bernardo a expansão nominal foi de 2,21% e em São Caetano, 1,55%. 




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