Economia Titulo
País consome 22%
em itens importados
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
15/02/2011 | 07:17
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A importação de produtos industrializados passou a representar 21,8% do consumo desses itens no País em 2010. A marca, que é recorde, supera em 3,5 pontos percentuais o índice de 2009.

Os dados fazem parte de pesquisa da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) divulgada ontem, e mostram que, com a retomada da economia no ano passado, os produtos estrangeiros se destacaram, roubando ainda mais espaço do produto nacional no mercado interno.

Ainda de acordo com o estudo, o CI (Coeficiente de Importação, ou seja, a aquisição total de itens do Exterior em relação ao consumo do País) de 2010 superou inclusive o de 2008 - a alta foi de 1,7 ponto percentual -, ficando, portanto, acima do nível pré-crise financeira global.

Por sua vez, o total exportado em relação à produção industrial brasileira (o coeficiente de exportação) apresentou alta tímida em relação a 2009, de apenas 0,9 ponto percentual, atingindo 18,9%. Fica abaixo do registrado em 2008, quando a indústria nacional exportou 19,6% do que fabricou.

E mesmo com as fabricantes brasileiras tendo crescimento de 18% nas vendas a outros países em 2010 - a alta das importações foi de 45% -, o saldo da balança comercial de manufaturados em 2010 ficou negativo em US$ 71 bilhões.

CÂMBIO

Segundo o diretor do Derex (Departamento de Relações Internacionais) e comércio exterior da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, o câmbio sobrevalorizado é o principal fator para a perda de competitividade das fabricantes brasileiras no mercado interno.

Com base em números do Banco Central, o estudo mostra que o dólar, que chegou a R$ 2,39 no fim de 2008, desde então, vem em trajetória descendente, girando atualmente em R$ 1,67.

Fonseca cita ainda que a "guerra fiscal" nas importações, com a prática de redução do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para itens do Exterior, é verdadeiro "tiro no pé", ao dificultar mais a sobrevivência de indústrias brasileiras.

SETORES

O dirigente da Fiesp acrescenta que os segmentos que mais têm sofrido, nesse cenário, são os de mão de obra intensiva e que têm mais conteúdo nacional. Ele cita que enquanto a produção de automóveis cresceu no ano passado, os componentes importados ganharam espaço nos carros. "Há menos valor agregado brasileiro", assinala.

Dessa forma, o coeficiente de exportações automotivas (o percentual do que é produzido) cresceu de 11,2% em 2009 para 13,4% em 2010. O índice ainda é bem abaixo do recorde de 2005 (28,7%), quando o câmbio era mais favorável ao fabricante brasileiro.

Ao mesmo tempo, o coeficiente de importação, ou seja, a participação dos carros estrangeiros no mercado doméstico, subiu de 16% para 18,7%, com a entrada de 660 mil veículos trazidos do Exterior em 2010. Os carros importados também cresceram no mercado interno. Com isso, as vendas do setor automobilístico cresceram 13% em 2010, e as de autopeças não acompanharam esse ritmo, com expansão de apenas 6%.




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