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Greve para produção da Pirelli
Michele Loureiro
Do Diário do Grande ABC
23/03/2009 | 07:01
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Depois de abandonar as negociações que mantinha com o Sindicato dos Borracheiros da Grande São Paulo e Região, a Pirelli resolveu demitir 11 de seus 2.000 funcionários na sexta-feira. Segundo o sindicato, a decisão da empresa, instalada em Santo André, acabou por provocar a greve de seus trabalhadores por tempo indeterminado.

Alegando um alto estoque de produtos, a empresa estava negociando com o sindicato uma forma de afastar funcionários e diminuir a produção. "Eles propuseram redução de 20% da jornada e 11% no salário, porém se recusaram a garantir estabilidade aos funcionários. Por isso, não fechamos nenhum acordo e estávamos aguardando novas propostas", explicou o presidente do sindicato, Terezinho Martins da Rocha.

Desde às 22h de sábado a fábrica parou completamente. Segundo os trabalhadores, que cumprem horário ao lado de fora da unidade, cerca de 10 mil pneus deixaram de ser produzidos até agora.

Os funcionários dizem que há cerca de 200 mil pneus estocados e estão inseguros com a situação. "Estamos com medo do que pode acontecer, afinal a empresa não quer garantir estabilidade", comentou um dos trabalhadores, que preferiu não se identificar.

Na tarde de ontem, a Pirelli procurou o sindicato para tentar negociar o fim da greve. "Eles querem a retomada das atividades, mas se negam a garantir estabilidade. Não vamos negociar demissões de forma alguma. Só vamos anunciar o fim da greve depois que a empresa readmitir os trabalhadores e garantir o emprego dos 2.000 funcionários", enfatizou Martins.

Hoje pela manhã, empresa e sindicato se reúnem para tentar achar uma saída. "Podemos até cogitar as reduções de jornada e salário, mas precisamos da estabilidade de 90 dias. A intenção é que haja tempo de retomada do mercado e o estoque possa ser diminuído", ressaltou o presidente do sindicato. Hoje, às 14h, haverá assembleia na porta da Pirelli para definir o andamento da greve.

HISTÓRICO
A empresa, que produz pneus para caminhões e máquinas agrícolas amarga números decrescentes desde o início da crise financeira, em meados de setembro do ano passado. Com a queda nas exportações e o desaquecimento do mercado interno, a Pirelli acumula estoque e precisa realinhar a produção a atual demanda.

No começo do ano, a empresa demitiu 30 funcionários, e para tentar adequar a produção, em 19 de fevereiro, a empresa parou completamente a fábrica por 14 dias. Porém, o período parece não ter sido suficiente. "Nossa intenção é ajudar a Pirelli a encontrar saídas que sejam positivas para os dois lados. Só não vamos admitir que os trabalhadores saiam perdendo nessa história", prometeu Martins.

O sindicalista afirmou que a negociação com as outras empresas do setor será a mesma. "Que essa greve sirva de exemplo que não vamos tolerar demissões sem negociação prévia com o sindicato", enfatizou.

Procurada pela reportagem, a Pirelli informou que não vai se pronunciar sobre o assunto.




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