Nacional Titulo
Polícia vai investigar ligaçao de traficantes com bailes funk
Do Diário do Grande ABC
15/11/1999 | 17:31
Compartilhar notícia


A prisao do produtor de bailes funk José Claudio Braga, o Zezinho, no sábado de manha, e o material apreendido com ele podem tornar visíveis as conexoes entre os bailes e o tráfico de drogas, o que vem sendo investigado há tempos pela polícia. O delegado-titular da 28ªDP (Campinho), Artur Cabral, responsável pela prisao, passou o fim de semana estudando um dossiê com investigaçoes que vem sendo montado desde 1995 no qual constam depoimentos de testemunhas apontando envolvimentos de organizadores desses bailes com traficantes. Zezinho será ouvido nesta terça-feira na Ilha das Cobras, onde está preso. Cabral preparou ainda um levantamento dos crimes registrados nos últimos anos em clubes do Subúrbio e da Zona Oeste, ainda nao foram esclarecidos.

``Desta vez, com todo o material apreendido na casa do Zezinho e encaminhado à perícia, poderemos contar com provas técnicas. Uma coisa puxa a outra. Esses bailes, além de incitar a violência, o consumo de drogas e a pornografia, também servem como fachada para o tráfico', afirmou o delegado. Para Artur Cabral, Zezinho terá que explicar a relaçao com as pessoas que aparecem nas fotografias vestidas com camisetas fazendo referência à facçao criminosa Amigos dos Amigos (ADA).

Zezinho é dono das equipes de som A Coisa, ZZ Disco e O Bagulhao. Ele é considerado um dos maiores produtores de bailes funks do Rio, perdendo apenas para Rômulo Costa. Há 12 anos no ramo, é conhecido como o Produtor do Diabo. A polícia pretende mapear os locais onde em bailes promovidos por Zezinho houve ocorrências de lesoes corporais graves, homicídios e exploraçao de menores. ``Nos depoimentos dos inquéritos que estao sendo investigados já existe o vínculo do tráfico que agora vamos comprovar', afirma Cabral.

Além da identificaçao das pessoas que aparecem nas fotos, a polícia também vai atrás dos produtores das fitas feitas nos bailes, que servirao como testemunhas. As pessoas que comercializaram o material exibindo açoes violentas podem ser enquadradas no inquérito. ``Nao tenho dúvidas de que agora dispomos de um bom material para fazer as denúncias sobre o envolvimento desses produtores com o crime organizado', acredita o delegado Artur Cabral.

Entre os documentos analisados pelo delegado para verificar o envolvimento dos organizadores de bailes funks com os traficantes está a Verificaçao Preliminar de Inquérito (VPI) feita pela detetive Cristina Lomba Pereira sobre a morte do estudante Júlio Miranda Cavalcante, 15 anos, no início do ano, no Country Club Jacarepaguá, na Praça Seca (Zona Oeste). O baile foi organizado pela ZZ Produçoes. ``Em um dos volumes existem vários depoimentos que poderao acrescentar muita coisa após essas apreensoes', disse Cristina.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;