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Produtor de baile e dono da 'Furacao 2000' funk é preso no RJ
Do Diário do Grande ABC
01/12/1999 | 22:09
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O produtor de bailes funks Rômulo Costa, 46 anos, dono da Furacao 2000, foi preso nesta quarta-feira pela equipe do delegado Artur Cabral, titular da 28ªDP (Campinho), cumprindo um mandado do juiz Geraldo Luiz Mascarenhas Prado, da 37ªVara Criminal que decretou sua prisao temporária por 30 dias. O empresário estava sendo investigado há cerca de um mês em inquérito que apura casos de violência nos bailes, corrupçao de menores e envolvimento com o tráfico de drogas. A morte de um menor durante um baile realizado em agosto por sua equipe no Country Club Jacarepaguá pode ter sido um dos principais motivos que levaram à sua prisao.

A CPI da Assembléia Legislativa do Rio vai ouvir nesta quinta-feira o delegado Artur Cabral, o dono da ZZ produçoes, José Claudio Braga, o Zezinho, que está preso na Ilha das Cobras, e o prefeito de Sao Joao de Meriti (Baixada Fluminense), Antônio de Carvalho, que proibiu os bailes funks nos clubes do município. O ex-funcionário de Zezinho, que prestou depoimento à delegada Márcia Juliao, da Divisao de Proteçao à Criança e a Adolescência, também seria convocado, mas nao foi encontrado pela CPI. Por questoes de segurança, ele mudou de endereço e ficou de ligar para a delegada.

Rômulo Costa foi preso em um estúdio de Sao Cristóvao, quando gravava o programa da Furacao 2000, exibido aos sábados na televisao. Ele estava acompanhado da mulher, Verônica. O empresário permaneceu algum tempo na delegacia de Campinho, mas como no local nao existe carceragem masculina, foi transferido para a 31ªDP (Ricardo de Albuquerque). Rômulo ficou em cela comum com os outros presos, já que nao possui curso superior.

Segundo o delegado Artur Cabral, o juiz entendeu que, com a prisao do empresário, as testemunhas nao se sentirao intimidadas para depor. "Diariamente recebemos telefonemas e cartas de pessoas que querem prestar depoimento mas se sentem ameaçadas. Quando prendemos o Zezinho (José Claudio Braga), várias testemunhas se encorajaram a depor", disse o delegado. O depoimento do diretor-financeiro do Country Club Jacarepaguá, José Luiz Fernandes, no mês passado, foi fundamental para confirmar a suspeita de que nos bailes de Rômulo também havia muita violência.

No depoimento, José Luiz afirma que no mês de agosto, durante um baile da Furacao 2000, um garoto de 15 anos foi morto com um tiro na cabeça. Ele teria sido atendido pelo chefe da enfermaria - instalada dos dois lados do clube e apelidada de veterinária - conhecido como Dentinho. Segundo o depoimento, a assistência do enfermeiro foi apenas uma simulaçao para que o público nao interferisse e o corpo fosse retirado do local. Em seguida, o rapaz teria sido levado para um Corsa verde, estacionado na frente do clube. O carro era dirigido por um homem de nome Milton que já foi localizado pela polícia e está sendo convocado para depor.

Embora o conteúdo do inquérito policial já apontasse sinais de violência nos bailes promovidos por Rômulo Costa, as evidências de brigas entre galeras, corrupçao de menores e envolvimento dos produtores com o tráfico recaíam sempre sobre os bailes de Zezinho, dono da ZZ Produçoes. Rômulo, confiante, apresentou-se voluntariamente à CPI da Alerj e ao delegado Artur Cabral. "Sou inocente. Nao tenho nada a ver com essa violência", disse nesta quarta-feira durante a prisao.

O dono da Furacao 2000 rebate ainda as imagens de uma fita de vídeo apreendida pela polícia na semana passada, onde aparece envolvendo-se em uma briga de galeras. "Eu estava tentando apartar. Na fita nao tem áudio para confirmar que eu estava incitando a violência", defende-se. A acusaçao de envolvimento com o tráfico, a partir de uma agenda encontrada em poder de traficantes do Morro do Chapadao, onde consta um registro de valores pagos à Furacao 2000, também é rebatida por ele. "Nao é o meu nome que aparece na lista. É o da empresa".

A prisao de Rômulo mobilizou representantes do Movimento Viva Rio, que decidiram ir à delegacia para conhecer os motivos que levaram á prisao do produtor. Segundo eles, Rômulo costumava participar das campanhas de paz lançadas pelo movimento. Com muitos amigos influentes, durante o momento em que permaneceu na delegacia de Campinho Rômulo fez várias ligaçoes. Uma delas, teria sido para a vice-governadora Benedita da Silva.




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