Carlos Boschetti Titulo Análise
Tubarões e lambaris no mesmo aquário
Carlos Boschetti
30/07/2015 | 07:23
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Estamos vivendo novos tempos na democracia brasileira. Pela primeira vez, os tubarões e os lambaris estão no mesmo aquário na Polícia Federal de Curitiba (Paraná). Na sexta-feira, o País foi tomado de surpresa pela apresentação do Ministério Público Federal pelo esquema de corrupção praticado no maior condomínio de ladrões do mundo, chamado Petrobras. A partir de agosto, vamos desvendar um mar de lama ainda maior, porque a próxima onda da Operação Lava a Jato envolverá representantes dos poderes Legislativo e Executivo que se beneficiaram direta ou indiretamente desse gigantesco processo de corrupção. Vemos tudo isso acontecendo e qual o impacto direto em nosso bolso? Qual o preço da corrupção?

Essa rede de corrupção atingiu as empreiteiras, o que destruiu praticamente uma cadeia de valor na indústria naval e paralisou muitas obras pelo País devido à inadimplência das mesmas companhias que participam dessa gigantesca operação fraudulenta. Estamos vivendo uma das maiores crises econômicas da história brasileira, nunca navegamos em mares tão turbulentos.

A desconfiança em nossos representantes é tão grande que, em seis meses, pela terceira vez a equipe econômica comandada pela presidente Dilma Rousseff demonstra a sua incapacidade de mudar a direção do mais profundo abismo que está a nossa frente.

A redução da meta do superavit fiscal anunciada pela equipe econômica, que norteou o ajuste fiscal com dramático aumento das tarifas públicas – como energia elétrica, água, combustível – foi insuficiente para pagar a conta de um governo de um Estado tão grande, tão obeso e tão impotente frente a realidade econômica do País.

Esse anúncio, além de comprometer o PIB (Produto Interno Bruto) de 2015 e proporcionar mais uma alta do dólar, terá grande impacto na inflação e na atividade econômica em 2016, comprometendo ainda mais atividade econômica e os investimentos necessários para a recuperação econômica e equilíbrio das contas fiscais.

O pacote de maldades implementado desde janeiro, além de levar o País à recessão, está gerando pânico no orçamento familiar, com risco de perda de empregabilidade, estagnação e retração do consumo e a necessidade ainda maior do Estado de gerar arrecadação. O pacote de ajuste fiscal tão debatido no primeiro semestre terá de ser alterado pela equipe econômica, e deverá ser resubmetido ao Congresso para aprovação, o que significa que teremos mais um ano de deficit fiscal com risco de aplicarmos mais pedaladas contábeis e uma disparada nos preços. Não teremos mais a quem culpar. Não dá para dizer que não sabia, esconder-se atrás das cortinas e evitar os panelaços. Precisamos realmente de um plano de governabilidade que se comprometa com o País e mude a direção que nos encontramos.

Algum fato novo torna-se mandatório na governabilidade e na mudança dos rumos. Precisamos superar essa profunda crise moral e econômica em que nos encontramos, e pensar mais na população que está cada vez mais oprimida e pressionada. 




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