Engana-se quem pensa que o imoral reajuste de 49% no salário dos vereadores de Diadema, autoconcedido no auge da crise econômica, seja problema apenas dos moradores da cidade. Não é. A farra com o dinheiro público é preocupação que extrapola limites geográficos e deve ser combatida por todo o Grande ABC. Representantes da sociedade civil organizada, não importa onde estejam sediadas, têm por obrigação repudiar a decisão do Legislativo diademense.

Se a sociedade regional entender como natural o que ocorreu em Diadema – onde, diga-se, o prefeito Lauro Michels (PV) acaba de comunicar ao sindicato dos servidores que não conseguirá cumprir o reajuste de 7,89% nos contracheques da categoria, acertado há três meses, exatamente por falta de dinheiro nos cofres municipais –, estará dada a senha para que todas as demais Câmaras do Grande ABC façam o mesmo.

A reação da sociedade, respaldada por entidades sérias e comprometidas com a moralidade pública, é importantíssima para marcar posição. Os vereadores da região, o que inclui os de Diadema, devem ser informados, clara e inequivocamente, de que a população, a grande pagadora da conta, não tolera mais tais afrontas ao erário. Encontrar maneiras de expor a indignação coletiva é mais do que necessário; passou a ser obrigação.

Legisladores como os de Diadema se acostumaram a perpetrar atos dos mais indecorosos porque o eleitor, anestesiado com tantos absurdos, não sabe o poder que tem. Se continuarem a virar as costas para a população, os vereadores diademenses – todos eles, sem exceção, já que a votação pelo aumento de 49% nos salários foi selada por unanimidade – deixam de ser dignos da confiança dos moradores da cidade. A resposta pode ser dada em outubro de 2016, quando certamente abrirão as portas de suas salas e irão ao encontro do povo para pedir votos. Aí será a hora de dar o troco. A luta é de todos.