A corrupção estende seus tentáculos pelo Brasil. As ramificações são tantas que o escândalo que estoura no Oiapoque, no extremo Norte do País, pode refletir no Chuí, extremo Sul. Caso revelado hoje pelo Diário dá a dimensão exata da situação. Apontado na Operação Lava Jato como operador do PMDB no esquema de desvio de dinheiro público via Petrobras, o lobista Fernando Falcão Soares, conhecido como Fernando Baiano, é sócio de empresa que funciona em Ribeirão Pires, aqui no Grande ABC.

Funciona não. O correto é dizer que deveria funcionar, pois equipe de reportagem do jornal apurou que a Technis Planejamento e Gestão em Negócios Ltda é, na verdade, empresa fantasma. No endereço oficial da firma, sala comercial do edifício Menato, no Centro da cidade, ninguém nunca ouviu falar de Fernando Baiano ou de seus negócios. O enredo descoberto em Ribeirão Pires, aliás, merece ser alvo do escrutínio dos agentes federais interessados em buscar mais evidências para desbaratar o esquema criminoso.

É natural que o cidadão brasileiro perca parte de sua confiança no futuro do País com o surgimento sistemático de malfeitos protagonizados por lideranças políticas e empresariais. Ainda mais quando as nervuras dos escândalos se aproximam, atingem a vizinhança. Todavia, o sentimento deveria ser o inverso. Afinal, revolver a sujeira é procedimento que precede o processo de depuração, de limpeza.

Esteja a corrupção em Ribeirão Pires, São Paulo, Brasília, no Oiapoque ou no Chuí, o importante é que o arcabouço de investigação nacional aja em todos os recantos. Pela primeira vez, aliás, tem-se a sensação de que a corrupção pode não ser imbatível. E a imprensa regional séria e imparcial, sempre atenta ao que ocorre no núcleo do poder, deve colaborar com o processo, ajudando a expor braços locais dos corpulentos escândalos nacionais, como o Diário faz hoje. E que o Brasil, com todas as forças reunidas em torno do objetivo, passe a ser lugar mais ético para se viver.