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China declara guerra contra liberalismo e ocidentalizaçao
Do Diário do Grande ABC
10/04/2000 | 14:34
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O governo de Pequim lançou nesta segunda-feira um vivo ataque contra o liberalismo e ``a total ocidentalizaçao' e reafirmou seu credo marxista, enquanto se filtravam informaçoes sobre expurgos nos setores mais reformistas do regime.

Em um comentário publicado em primeira página, o Diário do Povo reiterou sua oposiçao a ``dar rédea solta ao liberalismo e ao pluralismo que têm como objetivo eliminar o papel dirigente do marxismo'.

``Quanto às tentativas de modificaçao de nosso sistema social e do papel dirigente do marxismo através da total ocidentalizaçao, nao sao mais do que quimeras fomentadas pelas forças hostis ocidentais', informou o órgao do Partido Comunista Chinês.

Este comentário coincide com informaçoes que começavam a se filtrar sobre a destituiçao recente de vários intelectuais liberais que ocupavam cargos nas instituiçoes estatais.

Entre eles figura Liu Junning, cientista político favorável à reforma política, que perdeu recentemente seu cargo na Academia Chinesa de Ciências Sociais (ACSS).

Entre outras vítimas deste expurgo, destaca-se Wang Yan, editor de uma famosa revista para consumidores, que também trabalhava para o semanário China Business.

Wang Yan foi, segundo os dirigentes destas publicaçoes, destituído recentemente do ACSS, órgao que supervisionava as duas revistas, após uma mudança de regulamentaçao.

O endurecimento ocorre numa campanha ideológica lançada pelo presidente chinês Jiang Zemin para ``privar de meios de existência os defensores do liberalismo', comentou o dissidente chinês He Depu, membro do Partido Democrata Chinês (PDC, proibido), também destituído no mês passado.

``As autoridades responderam a uma ofensiva a favor da reforma política que se fortaleceu no partido e entre intelectuais, e que reflete uma impaciência em alguns setores da sociedade', comentou Jean-Pierre Cabestan, diretor do Centro de Estudos Franceses sobre a China Contemporânea, com sede em Hong Kong.

A campanha de retificaçao dos altos cargos do PCC, lançada ano passado e denominada de ``as três prioridades', acelerou-se nas últimas semanas, e foi dirigida sobretudo contra os partidários da ocidentalizaçao.

``Nao podemos aplicar o modelo ocidental da democracia burguesa. Se o fizermos, o caos será inevitável na China', disse o presidente chinês em um discurso pronunciado em janeiro e difundido depois no princípio de abril.




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