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Fundação assume hoje 'problema' Nardini em Mauá
Matheus Adami
Do Diário do Grande ABC
01/03/2010 | 07:00
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A situação do Hospital Municipal Doutor Radamés Nardini, em Mauá, é crítica. Filas, sujeira e falta de conforto para os pacientes são reclamações comuns dos munícipes que já precisaram utilizar os serviços do aparelho.

Mas a partir de hoje o problema passa a não ser mais da Prefeitura de Mauá. A FUABC (Fundação do ABC) será a Organização Social de Saúde que irá responder pelo hospital.

O acordo entre o Paço e a entidade intermunicipal foi celebrado na sexta-feira. Para realizar o serviço, a Fundação receberá R$ 4 milhões mensais do Executivo para manter o hospital em funcionamento, além de R$ 200 mil para pequenas reformas de urgência.

E é justamente de reformas e melhorias que o Hospital Nardini precisa. Na quinta-feira, o Diário esteve no local e constatou série de problemas.

O dia era chuvoso, com garoa, e, por esse motivo, muitos pacientes que esperavam atendimento no pronto-socorro não puderam ficar no lado de fora. O motivo? Parte dos bancos para a espera fica descoberta.

Além disso, nas proximidades do pronto-socorro e do ambulatório, o que se via no chão era grande número de bitucas de cigarro. E não por falta de lixeiras. Nas portas do pronto-Socorro, eram quatro cestos de lixo, além de um específico para cigarros. Dentro do posto, havia mais um cesto.

Já no ambulatório, o número de pontas de cigarros no chão era ainda maior do que o do pronto-Socorro. Talvez pelo número menor de lixeiras. Apenas um cesto e um exclusivo para bitucas.

Perto das escadarias que dão acesso à entrada principal e recepção do hospital Nardini, a sujeira continua, embora mudem os objetos espalhados pelo chão. Saem os cigarros e entram garrafas PET vazias.

Em contraste com as filas do hospital - só no pronto-socorro havia lugares para sentar, no dia em que a reportagem esteve lá - a ala principal apresentava o único lugar vazio e silencioso do Nardini: uma capela que, assim como outros locais do estabelecimento, apresentava avisos escritos a mão.

Nos banheiros, a situação é crítica. Se, no do ambulatório, não há pia, no do pronto-socorro a porta não trancava e a luz não acendia. Em ambos o cheiro era ruim. O Diário já havia mostrado as más condições de higiene do local em junho.

Má administração - Filho do médico Radamés Nardini, o professor de administração hospitalar Antonio Carlos Nardini afirmou que o hospital construído pelo pai foi maltratado pelas gestões dos prefeitos de Mauá. "A atual gestão é só política e pouca administração. Outras administrações não foram sérias", disse Antonio Carlos, de 55 anos.

Para ele, a gerência da FUABC foi a saída mais acertada para o hospital.

Para superintendente da unidade, hospital é estratégico na região
Para a superintendente do hospital Nardini sob a administração da FUABC (Fundação do ABC), Vânia Barbosa do Nascimento, o aparelho de saúde de Mauá é estratégico para o Grande ABC. De acordo com Vânia, médica sanitarista e presidente da FUABC entre 1998 e 1999, começa hoje o trabalho de diagnóstico no Nardini, para começar a resolução dos problemas e melhoria de atendimento.

DIÁRIO - Como a Fundação do ABC se sente em assumir a administração do hospital Nardini?
VÂNIA BARBOSA DO NASCIMENTO - A Fundação do ABC adquiriu uma maturidade muito grande nesses dez anos, em que assumiu a gestão de diversos hospitais públicos. O Hospital Radamés Nardini, em Mauá, é estratégico, então será um grande desafio e oportunidade para organizarmos uma rede de atenção hospitalar no Grande ABC. O fato de o Nardini não funcionar na plenitude tem prejudicado o funcionamento dessa rede. Toda a região tem a ganhar com a melhoria.

DIÁRIO - E há um prazo para colocar em prática o plano de metas estabelecido pela Prefeitura?
VÂNIA - De imediato, estamos pensando nas metas. Isso será exposto para a equipe. É lógico que o hospital passará por reformas na estrutura física e de equipamentos e talvez isso atrase um pouco. Mas as metas serão cumpridas.

DIÁRIO - A Fundação cogita realizar em um primeiro momento reformas no hospital Nardini?
VÂNIA - A manutenção de todo e qualquer hospital é cara, pois tem muitos equipamentos. Exige uma grande energia e equipamentos que são caros. Então, não vamos parar a assistência. Vamos consertar o que precisa, mas se precisar adequar, pois é um hospital com mais de 30 anos. A cada cinco anos os hospitais precisam ser adequados. Mas isso está aquém do governo municipal e vamos buscar o governo estadual e o governo federal, como todos os hospitais fazem.

DIÁRIO - E o que será feito em relação aos contratos terceirizados de serviços como alimentação, lavanderia, limpeza, entre outros?
VÂNIA - Vamos avaliar caso por caso. Como muda a gestão do hospital, temos de saber se a empresa se interessa em trabalhar conosco. Não podemos afirmar nada logo de início, sem saber as prerrogativas do contrato. Vamos mudar algumas dinâmicas e vamos ver se os contratos estão adequados à nova realidade.




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