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Moradores tentam impedir remoçao de favela de SP
Do Diário do Grande ABC
19/01/1999 | 17:56
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Armados com garrafas de gasolina, os moradores da Favela Nossa Senhora de Assunçao, no Jardim Bonfiglioli, zona oeste de Sao Paulo, decidiram enfrentar os funcionários da Administraçao Regional do Butanta para impedir uma operaçao de despejo. Após uma tentativa de remoçao de 11 barracos, idealizada pelo administrador Valdemar Márcio Rodrigues sem autorizaçao judicial, eles formaram uma barricada e resolveram queimar qualquer carro que engrossasse as fileiras da Prefeitura.

Um confronto só nao ocorreu por intervençao do deputado estadual Carlos Zarattini (PT), que convenceu os moradores a guardar as garrafas e liberar o trânsito. Pouco depois, Rodrigues desistiu de derrubar os barracos, dispondo somente de intimaçao de saída em 24 horas para cada família. Ele nao atendeu a reportagem. Mandou um assessor dizer que a remoçao havia sido suspensa até ser obtida uma autorizaçao judicial.

A favela tem 600 barracos, segundo a associaçao dos moradores. O terreno pertence à Prefeitura. Segundo o encarregado de apreensao da regional, Oscar Nogueira Júnior, o objetivo é remover todas as casas. As 11 primeiras foram escolhidas por estar em terreno pertencente a uma creche da Prefeitura, ao lado, desativada há vários meses.

Os moradores alegam que, no local da invasao, havia antes um lixao, que nunca fora combatido pela regional e que, ao atrair ratos, chegou a provocar casos de lepstopirose. Eles chegaram a retirar um brinquedo do parquinho da creche para reforçar a barricada. "Além da autorizaçao judicial, o administrador deveria ter acionado a Secretaria da Habitaçao", protestou Zarattini.

"É covardia o que estao fazendo", gritava a empregada doméstica Marice de Fátima Moisés. Ela recebeu a intimaçao às 15 horas de ontem, com prazo de 24 horas para a saída. As 10 horas de hoje, a Prefeitura chegou com a polícia para a remoçao. "Se meu filho for para a rua, nós vamos botar fogo em tudo", reagiu.

Cerca de 200 pessoas participaram nesta terça-feira de protesto em frente do Palácio dos Bandeirantes, na zona sul da cidade, contra a demora na liberaçao de terrenos para a construçao de casas em mutirao, dentro do projeto Sonho Meu.

O protesto foi organizado pela Federaçao Intermunicipal de Movimentos e Associaçoes Pró-Moradia (Fimap), e durou pouco mais de uma hora, segundo a assessoria do palácio. Os manifestantes foram atendidos pelo secretário de Estado da Habitaçao, Francisco Prado de Oliveira Ribeiro (PTB), que prometeu o início da construçao para março.




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