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Famílias gastam mais com saúde que governo

União investe R$ 33,5 mi a menos que cidadão, diz IBGE

Vinicius Gorczeski
Do Diário do Grande ABC
19/01/2012 | 07:10
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O governo gasta menos com saúde do que as famílias. É o que mostra pesquisa divulgada ontem pelo IBGE. Enquanto a administração pública destinou em 2009 (dado mais recente) R$ 123,6 bilhões para a área, o equivalente a 3,8% do Produto Interno Bruto, para as famílias o gasto teve sabor amargo: R$ 157,1 bilhões, ou 4,8% do PIB.

Não é difícil encontrar quem gaste praticamente todo o salário com saúde. Caso do aposentado Joaquim Alves Lima, 75 anos, e a mulher, Maria Aparecida Ferreira, 65, que recebem, juntos, R$ 1.090, ou dois salários-mínimos. Só com o convênio médico desembolsam R$ 800. "Isso é possível porque minha filha me ajuda. Porque senão nem plano de saúde eu teria, já que custa R$ 1.694,45 para nós dois."

O IBGE mostra que cada cidadão desembolsou, em média, R$ 835,65 com saúde em 2009 e, o governo, R$ 645,27 por brasileiro (22,7% a menos).

Arcar com atendimento nesse setor encareceu nos últimos tempos. Há dois anos, os gastos totais correspondiam a 8,8% do PIB e, em 2008, eram 8,3%. Famílias e governo gastaram R$ 283,6 bilhões em 2009, 12,9% mais que em 2008.
Apesar de ainda gastar menos do que a sociedade, o salto de investimentos do governo foi maior. Houve crescimento real de 5,2% entre 2008 e 2009 na União. Para as famílias, a alta foi de 3,5%.

Para o coordenador do curso de Economia da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Francisco Funcia, os dados comprovam o que o mercado vinha dizendo há tempos: "O gasto com saúde ainda é muito baixo". Ele compara com outros Países, onde só os investimentos públicos com saúde equivalem a 6% do PIB.

Um dos pilares a ser modificado na economia brasileira a fim de contornar o problema é a tributação. Ele diz que só em gastos tributários nessa área o País deixa de investir cerca de R$ 14 bilhões. "Era preciso alterar essa estrutura, elevando o imposto sobre o patrimônio e a renda, e não sobre o consumo e a produção." Ele acrescenta que os investimentos ideais para uma Saúde melhor no Brasil demandariam mais de 50% do PIB - acima de R$ 1,8 trilhão.




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