Turismo Titulo Lisboa
Negócios na terrinha

Congressos e eventos movimentam o turismo na capital
portuguesa e revelam vocação de Lisboa para comércio

Soraia Abreu Pedrozo
Enviada a Portugal
19/01/2012 | 07:00
Compartilhar notícia


Porta de entrada da Europa. É assim que muitos dos alfacinhas, como são chamados os que nascem em Lisboa, designam sua cidade. Não à toa, a ponta mais ocidental do continente, o Cabo da Roca, está em Colares, bairro (ou freguesia, como eles chamam) pertencente a Sintra, na região metropolitana lisboeta.

De fato, a cidade é mesmo porta de entrada devido ao seu posicionamento, bastante estratégico por intermediar as principais rotas do comércio internacional. E tem sido assim desde que o mundo é mundo ou, pelo menos, desde a Pré-História, quando já havia registros da presença humana no estuário (onde se encontram rio e mar) do Tejo.

Passando por debaixo do Arco do Triunfo (sim, eles também têm um), na região central da Baixa, e se deparando com a Praça do Comércio, à beira do Rio Tejo, é fácil imaginar as caravelas chegando carregadas de mercadorias - como no século 16, quando ali desembarcavam especiarias indianas e africanas e, posteriormente, matérias-primas brasileiras, como madeira, açúcar e ouro.

Lisboa, portanto, sempre esteve na rota do turismo de negócios. Dados do Inquérito Motivacional de 2010, realizado pelo Observatório do Turismo de Lisboa (os de 2011 ainda não foram concluídos), mostram que dos 720 mil turistas que foram à cidade somente para tratar de negócios (sendo 200 mil para participar de congressos, viagens de incentivo e de grupo), 21 mil eram brasileiros.

Para se ter ideia, no ranking dos locais que mais recebem eventos de executivos elaborado pela Associação Internacional de Congressos e Conferências (ICCA, na sigla em inglês), Lisboa aparece em oitavo lugar por ter recebido 106 congressos internacionais em 2010. Como base de comparação, São Paulo está em 24º lugar, com 75 congressos internacionais, e o Rio de Janeiro ocupa a 31ª colocação, com 62.

Em Lisboa, parece que em todos os lugares vale a máxima do ‘fazemos qualquer negócio'. Talvez pela herança árabe, que deixou nomes como os dos bairros de Alcântara e Alfama (todas as palavras que têm o sufixo al ou az indicam a influência). Em quase todos os estabelecimentos é possível locar espaços.

Existem locais para todos os gostos e bolsos, desde os mais tradicionais, com salas de diferentes tamanhos, até os mais excêntricos, que permitem a realização de reunião no estádio do Benfica (um dos mais tradicionais times portugueses), de frente para o gramado, com a possibilidade de conhecer todas as instalações, incluindo os vestiários e as mascotes vivas - duas águias. O valor das locações parte de 500 euros (cerca de R$ 1.130).

O Estádio da Luz ou Catedral, como é chamado, tem capacidade para 65 mil pessoas, oferece serviço de bufê e foi completamente reformado em 2004 para receber a Eurocopa.

No Oceanário, um dos maiores da Europa, os executivos podem participar de passeio exclusivo por seus bastidores e saber de que se alimentam os animais. No aquário central, com sete metros de profundidade, tem-se a impressão de estar no fundo do mar.

O silêncio e a transparência da água, com diversas espécies de animais nadando, dão imensa sensação de paz. Os diversos ambientes reproduzem, com impressionante fidelidade, os habitats dos bichos que têm relação com o mar.

No Pestana Palace Hotel, que incorporou às suas instalações um palácio do século 19 (o local pode ser visitado também por turistas comuns, para tomar chá, por exemplo), uma verdadeira viagem no tempo. Ao conhecer uma das suítes, percebe-se que a decoração da época era feita com tudo o que os portugueses descobriam em suas colônias. Nos banheiros, por exemplo, há abacaxis ao lado do espelho.

O turismo de negócios é um dos mais importantes produtos do segmento para a cidade, correspondendo a 40% do orçamento do turismo da capital.

A jornalista viajou a convite da Associação Turismo de Lisboa

 

Vocação inata para receber eventos

Dada a quantidade e a diversidade de espaços que Lisboa possui para a realização de eventos, pode-se considerar que a capital lusitana tem realmente vocação para os negócios, e está preparada para receber empresários de fora. Os estabelecimentos maiores e os mais sofisticados oferecem locações que oscilam entre 1.000 e 5.000 euros (entre R$ 2.260 e R$ 11,3 mil).

Um dos locais mais tradicionais é o Centro de Congressos de Lisboa, que fica nos arredores do bairro de Belém, em frente ao Rio Tejo, a dez minutos do centro e a 15 minutos do aeroporto. Possui capacidade para 3.500 pessoas em um de seus oito pavilhões e recebe tanto feiras e grandes eventos como reuniões.

Próximo dali, na encantadora Praça do Império, está o Centro Cultural de Belém. O local é belíssimo e abriga, entre outros espaços, um auditório que se assemelha a um teatro municipal, com palco central e camarotes superiores. Tem capacidade para 1.400 pessoas e é alugado para eventos.

Ao lado do CCB fica o Mosteiro dos Jerônimos, que data do século 16 e foi construído sob o peculiar estilo arquitetônico português, o manuelino, criado pelo rei Dom Manuel I. Tudo o que vinha do mar era incorporado, como conchas, algas e corais, assim como a Cruz da Ordem de Cristo (bastante comum nos mastros das caravelas), gárgulas (eles acreditavam que os monstros protegeriam os locais erguidos sob esse estilo) e alcachofras (que simbolizam regeneração e ressurreição).

O mosteiro abriga os mausoléus do navegador Vasco da Gama e do poeta Camões e o túmulo do poeta Fernando Pessoa. O pátio do claustro parece cenário de filme e pode ser locado para eventos também. Ambos têm vista para o Tejo e estão próximos às docas, que dispõem de várias opções de bares e restaurantes.

No bairro da Baixa tem-se, na Praça do Comércio, o Pátio da Galé. O local é um dos mais novos integrantes da safra de espaços para eventos lisboeta, e é caracterizado por seus amplos salões decorados por arcos, colunas e paredes brancas que, por si só, já servem de decoração em meio à privilegiada iluminação natural.

 

 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.

Mais Lidas

;