Também pelos cálculos de economista, os investimentos diretos anuais da Alemanha no País devem aumentar de US$ 1 bilhao para 1,5 bilhao em cerca de três anos. Para Olsinger, prova do interesse germânico no Brasil está no aumento das consultas feitas à Câmara, de cerca de 250 em 98, para algo previsto em torno de 350 em 99.
Para incentivar os empreendimentos, a Câmara Alema está lançando a segunda ediçao de seu guia de investimentos no Brasil. Com 130 páginas, o manual ensina o caminho das pedras para quem quer abrir negócios no país, com informaçoes detalhadas sobre o cenário político-econômico, mercado e legislaçao. Também nao faltam dados sobre as oportunidades criadas pelas privatizaçoes e pela consolidaçao do Mercosul.
Na opiniao de Olsinger, a publicaçao ajudará o empresariado alemao a perceber que os efeitos da desvalorizaçao do real sao bem menores do que os inicialmente previstos. Também com a intençao de animar os investidores, a Câmara vem promovendo palestras sobre o Brasil em entidades empresariais da Alemanha. "Dizemos, entre outras coisas, que a inflaçao esperada para este ano é de 7%, nao de 40% como houve quem acreditasse logo depois de alta do dólar", conta Olsinger.
"Nos encontros, divulgamos informaçoes mais realistas sobre o Brasil, já que geralmente só chega lá é notícia ruim", diz ele. "Poucos sabem, por exemplo, que só o Estado de Sao Paulo tem populaçao do tamanho da da Argentina." Ainda para tranqüilizar os empresários, o guia faz questao de descartar a possibilidade de calote no pagamento da dívida interna e externa do País. Ressalta também as diferenças ente o Brasil e países como Rússia, Indonésia e Coréia do Sul, com o argumento de que aqui nao há risco de crise institucional.
Setores - O guia aponta ainda os setores mais promissores para as empresas alemas no Brasil. Sao eles: as indústrias automotiva, química, de máquinas e equipamentos e de eletroeletrônicos; além das áreas de energia, meio ambiente (saneamento básico, tratamento de lixo e venda de filtros industriais para purificar ar água) e engenharia mecânica e de sistemas industriais. Só no setor de autopeças, por exemplo, existem 300 com potencial de se instalar no país, acredita a entidade.
Olsinger aposta que, depois de uma participaçao pequena nas privatizaçoes brasileiras -até agora os alemaes arremataram apenas um terminal no porto de Santos -, o país entrará com mais força nos leiloes das estatais de energia elétrica e saneamento básico. Na opiniao do economista, as empresas da Alemanha nao se interessaram na privatizaçao do sistema de telecomunicaçoes por terem concentrado esforços na desestatizaçao do setor na Alemanha, encerrada há cerca de dois anos.
Ele ressalta também que, com a queda do muro de Berlim, os investimentos se voltaram a "mercados naturais", como a ex-Alemanha Oriental e o leste europeu. Apesar disso, o economista contesta os números da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalizaçao Econômica (Sobeet), que rebaixam os alemaes para o terceiro lugar no ranking do investimento direto estrangeiro no Brasil. "Os dados estao desatualizados", alega.
Segundo ele, os estoques de investimentos diretos alemaes era de cerca de US$ 14,5 bilhoes no fim de 98 e nao de US$ 10,5 bilhoes, como divulgou a Sobeet. Pela classificaçao da associaçao, os Estados Unidos vêm em primeiro lugar, com cerca de US$ 40 bilhoes, seguido pela Espanha, com US$ 10,9 bilhoes.
A Alemanha é também o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás dos Estados Unidos e da Argentina. No ano passado, entraram no País US$ 5,24 bilhoes em mercadorias alemas. Já as exportaçoes brasileiras, de menor valor agregado, foram bem mais magras: US$ 3,01 bilhoes.
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