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Câmbio e custos pressionam fabricantes de autopeças
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
23/10/2009 | 07:00
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A desvalorização do dólar frente ao real, neste ano, somada à conjuntura de economias desaquecidas no Exterior e recentes elevações de custos para a indústria no Brasil, fez crescer no País a concorrência de fabricantes de autopeças nacionais com produtores estrangeiros.

A questão preocupa, já que o setor ainda não se recuperou do baque causado pela crise financeira global. De janeiro a setembro, o faturamento da atividade é 22,3% menor do que em igual período de 2008, segundo o Sindipeças (Sindicato das Indústrias de Peças e Componentes Automotores).

Além da demanda mais fraca, fabricantes da região relatam a perda de contratos de encomendas para estrangeiros. É o caso da Dura Automotive, de Rio Grande da Serra. "Algumas montadoras estão importando mais peças, por causa do câmbio. O dólar nesse patamar atrapalha", afirma o presidente da empresa, Mário Henrique Butino. Ele se refere à variação cambial da ordem de 25% neste ano - a moeda americana estava na faixa de R$ 2,30 em janeiro e, agora, está em R$ 1,73.

Butino explica que, como há plataformas globais (fábricas em diferentes países realizam o mesmo processo produtivo para abastecer o mercado mundial), quando é conveniente, pode haver, de forma rápida, importação de peças da Ásia ou da Europa.

Mário Milani, diretor da fabricante de filtros automotivos Sogefi, de São Bernardo, cita outro problema: "Há muita capacidade ociosa (empresas com baixa produção) fora do Brasil e essas indústrias buscam mercados onde a demanda está aquecida".

Há ainda a pressão dos custos da matéria-prima e de mão de obra. Butino cita que as siderúrgicas reajustaram o aço em 10% no mês passado. "Fica difícil competir", assinala, referindo-se à concorrência com o México e com países asiáticos, por exemplo.

A Dura perdeu recentemente contrato para fornecer cabos de comandos de veículos, por exemplo, para montadoras. E a Sogefi foi superada por concorrente polonesa para prover filtros de carros para a General Motors.

Para Milani, uma forma de ajudar a compensar essas perdas seria se o governo desonerasse as exportações do segmento. O Sindipeças projeta neste ano déficit comercial (exportações menos importações) de US$ 2,5 bilhões a R$ 3 bilhões neste ano.




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