O presidente Fernando Henrique Cardoso deu indícios, nesta quarta-feira, de que buscará o apoio do governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), à candidatura do senador José Serra (PSDB) à Presidência da República. Durante discurso de posse dos novos ministros, ele declarou que Itamar, que foi seu antecessor no Palácio do Planalto, "trabalhou muito duro" e que, por essa razão, fará "o possível e o impossível" para entregar um país melhor do que encontrou.

FHC disse ainda, referindo-se indiretamente aos desentendimentos com o governador, que ninguém pode administrar destilando "ódio e rancor".

O comentário do presidente reforçou os rumores de que os tucanos tentarão convencer Itamar a aceitar o cargo de vice na chapa encabeçada por Serra. O nome dele foi levantado após a recusa do governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), em tornar-se candidato a vice-presidente.

Na terça-feira, o presidente da Câmara, Aécio Neves (PMDB), telefonou a Itamar para pedir que ele pensasse na possibilidade de assumir a condição de vice de José Serra. Para ele, a declaração de Fernando Henrique foi um sinal de reaproximação entre os dois.

O impasse fica por conta da posição adotada pelo governador desde o início da corrida pela sucessão presidencial. Membro da ala oposicionista do PMDB, ele é favorável ao lançamento de um candidato próprio à Presidência, e não à formação de uma coligação partidária.

Itamar, porém, ainda não se pronunciou sobre o eventual convite do PSDB. Entre sorrisos, ele disse que apenas à meia-noite de sexta-feira falará sobre seu futuro político. "É só nas horas mortas que eu vou decidir", completou.