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Sem acordo, centrais irão à Justiça
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
18/01/2011 | 07:15
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Após idas e vindas na negociação das centrais sindicais quanto ao governo federal corrigir a tabela do IR (Imposto de Renda) em 6,47%, e elevar o salário-mínimo para R$ 580, o clima em diversas cidades do País, hoje, será de manifestação. Depois de 11 dias sem retorno do governo federal nas reivindicações, as centrais também irão recorrer à Justiça para conseguir a correção.

A deflagração ocorre em todo o País, mas o maior foco, segundo o presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), Ricardo Patah, será em São Paulo, por ser o Estado com maior parque industrial da Nação. O protesto tomará corpo às 10h30, no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo) e segue, em passeata, até a sede do TRF (Tribunal Regional Federal), também na Avenida Paulista.

O ato terá endosso de centrais da região. O diretor do Sindicato dos Químicos do Grande ABC, Wanderley Salatiel, defendeu a iniciativa. Para o representante, o diálogo é prioridade, mas na falta de respostas, avalia que existe apenas dois caminhos. "Um é a mobilização, o outro é ir à Justiça", afirmou ao comentar que sustenta atos em conjunto com a CUT (Central Única dos Trabalhadores), uma das que se mobilizaram no processo.

IMPASSE - O desejo de correções na tabela do IR começou a ser discutido pelos sindicatos na semana passada e previa protestos, na falta de diálogo. A estratégia era unir os poderes, tanto o Executivo quanto o Legislativo, na negociação - para o caso de o Palácio do Planalto vetar as elevações propostas. O reajuste que aumentou o mínimo de R$ 540 para R$ 545, divulgado pelo Ministério da Fazenda na semana passada e previsto para 1° de fevereiro, não agradou as centrais.

O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalvez, reclamou da falta de conversações. Segundo ele, foi pedida audiência com a Presidência e houve formalização do processo aos ministros. Porém, sem sucesso. Segundo Gonçalvez, a tabela do IR acumula defasagens desde 1995, de 70%.

Já Patah recorreu a exemplo recente de que, durante a crise econômica de 2008, que espalhou-se por 2009, quando o governo lançou mão de incentivos a fim de estimular o consumo no mercado interno, os aposentados foram essenciais, à época. Para ele, corrigir a tabela seria maneira "justa" de retribuição. "Os aposentados deveriam ser estratégicos. (Corrigir a tabela) seria uma das maneiras de eliminar o fosso que existe hoje. É um absurdo não corrigi-la."

Desde 2007 a correção é feita, em 4,5% ao ano. Conforme reportagem do Diário, devido à transição no governo federal, não se avalizou novos ajustes para 2011. Com isso, trabalhadores que antes eram isentos do débito - e receberam reajustes salariais - podem ser enquadrados em pisos que obrigam o pagamento do tributo. "Todo esse aumento real de salário dos trabalhadores foi praticamente perdido com a não correção do IR", afirma Patah.

Além da UGT, da CUT e da Força Sindical, a Nova Central, a CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil) e a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) se uniram à causa.

MAIS PROTESTOS - Além do levante de hoje, as centrais estudam novas manifestações para elevar o mínimo e corrigir a tabela do IR, caso não obtenham sucesso. Está na pauta novo encontro de reivindicação, no dia da posse dos deputados federais, marcada para o dia 1° de fevereiro, em Brasília.




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