O PT de Diadema definiu ontem a data limite para que a vereadora Irene dos Santos (PT) consiga sensibilizar a militância e emplacar o pedido de prévias contra o prefeito, Mário Reali (PT). A parlamentar tem até o dia 3 de março, quando ocorre a plenária, para homologar candidaturas majoritárias e à Câmara. Para provocar as primárias, ela necessita de votos de dois terços da militância.

Irene protocolou requerimento de disputa no fim do ano passado alegando que a atual administração não desenvolveu política pública de valorização do servidor municipal e cultivou o ingresso de aliados em setores estratégicos do governo. A Articulação de Esquerda, tendência petista que abriga o projeto da vereadora, criticou também o fato de Reali falar abertamente que o pleiteante a vice não sairá do PT.

O prefeito conta com apoio dos outros quatro vereadores petistas: José Queiroz Neto, o Zé do Norte; Manoel Eduardo Marinho, o Maninho; Orlando Vitoriano e José Antônio da Silva. Também trabalham a favor de sua reeleição o presidente do PT de Diadema, Josemundo Queiroz, o Josa, o ex-vice-prefeito Joel Fonseca e o ex-prefeito e deputado federal José de Filippi Júnior, além dos secretários filiados ao PT.

Apesar da adesão em massa do núcleo duro da administração a Reali, Irene tem conquistado simpatia de parte do diretório que está descontente com a gestão atual e por não ter sido agraciado com cargos em setores vitais do Paço. Governistas garantem que a Articulação de Esquerda possui apoio de 15% - mesmo percentual recebido por Irene nas prévias de 2007, também contra Reali.

Por conta de movimentações favoráveis internamente, o grupo já traçou alternativa caso não receba dois terços de votos na reunião do dia 3 de março. Em 11 de fevereiro, o PT elegerá, em votação aberta aos filiados, 180 delegados que ficarão responsáveis por homologar a candidatura à Prefeitura. Se conseguir emplacar 91 representantes, Irene poderá provocar as prévias mesmo a disputa tendo sido rejeitada pela militância.

Sem represália - A votação contrária de Irene ao projeto de mudança na alíquota de repasse para o Instituto de Previdência do Servidor Municipal de Diadema não renderá punições à vereadora. Na reunião da executiva do PT de Diadema, o líder da bancada petista na Câmara, José Antônio da Silva, não fez reclamação formal contra a correligionária.

"Não vou me pautar apenas pelo que foi escrito nos jornais. Esse tema não foi tratado na reunião, não recebi contestação formal e não vou levar isso adiante. O caso está encerrado", disse Josa.

Na última sessão do ano, José Antônio determinou, poucos minutos antes da votação do projeto do Ipred, que a bancada votaria unida, mesmo sabendo que Irene se manifestaria contrariamente à proposta. Pelo estatuto do PT, vereadores que desrespeitam a votação englobada podem sofrer sanções internas, que vão de advertência a suspensão.