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Universal relança nove CDs dos Mutantes
Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
11/02/2006 | 08:55
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A discografia dos Mutantes, banda que redefiniu os parâmetros do pop rock brasileiro no fim da década de 60, volta às prateleiras em edições remasterizadas, por iniciativa da gravadora Universal Music. São nove álbuns, produzidos entre 1968 e 1973, período em que a banda, formada pela cantora Rita Lee e os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, escreveu uma das histórias mais singulares da MPB.

Entre os álbuns relançados, todos vendidos separadamente e com preço médio de R$ 25, uma raridade: o multicolorido A Banda Tropicalista do Duprat, disco gravado com o maestro Rogério Duprat, o "George Martin" do movimento, em 1968, e editado pela primeira vez em formato CD. Recheada de pout-pourries bem ecléticos, a bolachinha é um exemplo significativo da geléia geral proposta pela trupe. Abriga harmoniosamente os Beatles, em Lady Madonna, e Lamartine Babo, na impagável Canção para Inglês Ver ("I Love you/ Abacaxi, uísque/ Off Chuchu/ Malacacheta/Independence Day/ No street flash me estrepei).

Na mesma fornada, está sendo relançado o disco Hoje É o Primeiro Dia do Resto de sua Vida, gravado pelo grupo em 1972 e, por questões contratuais, creditado apenas a Rita Lee. À época, o contrato dos Mutantes previa a gravação de apenas um álbum por ano e eles já haviam lançado o escandalosamente psicodélico Mutantes e seus Cometas no País de Baurets, que inclui o clássico Balada do Louco.

Capas – O projeto de relançamento dos discos da banda, que, em 2006 completaria 40 anos de criação, tem a coordenação do jornalista e pesquisador Marcelo Fróes e do diretor de Marketing Estratégico da gravadora, Ricardo Moreira. A remasterização ficou a cargo de Luigi Hoffer. Fróes diz que a principal dificuldade enfrentada durante o processo de reedição foi encontrar as capas dos álbuns. Em 2005, ele teve de pagar US$ 200 pela capa de A Banda Tropicalista, em um site na internet. As demais foram emprestadas por Liminha, conceituado produtor e ex-baixista do grupo.

"As capas originais são muitos raras. Os Mutantes, como muitos artistas dos anos 60, cultuados e queridos, não eram bons vendedores de discos", afirma o jornalista, que também assina os textos dos encartes das novas edições. Ainda segundo ele, não houve interferência no conceito artístico e o som que se ouve nos álbuns é muito superior em qualidade técnica aos que foram relançados em 1992.

Conforme o diretor de Marketing da Universal, os discos dos Mutantes também deverão ser lançados no mercado internacional, a partir de abril. "Acredito que teremos uma boa entrada na América Latina. Nos Estados Unidos, inclusive, eles já tinham pedido para relançarmos o Tecnicolor (álbum gravado em Paris, em 1970, e lançado 30 anos depois)". Moreira adiantou que a companhia dedicará este ano para outros projetos semelhantes, como o relançamento das discografias de Caetano Veloso, Chico Buarque, Elis Regina e Vinicius de Moraes.

Show londrino – Ao que tudo indica, o revival dos Mutantes não deve se esgotar com o relançamento dos discos, cultuados no exterior por músicos como Sean Lennon (filho de John Lennon) David Byrne, Belle & Sebastian, entre tantos outros. O Centro Cultural Barbican, em Londres, na Inglaterra, já fez uma proposta aos ex-integrantes para uma apresentação durante a programação do festival em homenagem à Tropicália, que começa dia 16 e vai até maio.

Sobre uma possível reunião, o guitarrista Sérgio Dias desconversou: "Depende de uma enormidade de coisas". E, afinal, será que dá para imaginar que tipo de canções eles produziriam em 2006?: "Não tenho a menor idéia. Tem de reunir todo mundo para saber qual caldo dá a galinha velha."

Para o ex-baterista do grupo, Dinho Leme, que se recupera de uma cirurgia no esôfago, não se fala da possibilidade do retorno: "Cada um tem sua história, está na sua". Caso a banda voltasse, ele acredita que tocaria o mesmo repertório, com destaque para clássicos como Jardim Elétrico e Ando Meio Desligado. "Foi um negócio muito grande. Nós começamos tudo. O que tinha antes de nós era Os Incríveis, que faziam versões. Ninguém pensava em compor sua própria música". Rita Lee, procurada, não pôde dar entrevista. Passa férias na Europa e só retorna ao Brasil após o Carnaval, segundo sua assessoria de imprensa. N




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