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Fundos cambiais foram o destaque de outubro
Catherine Vieira
Do Investsop.com
04/11/2000 | 20:22
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Os gestores, que começaram o mês de outubro apenas com alguma cautela por conta do preço do petróleo, foram de repente atingidos por um furacao. Aliás, vários: volatilidade nas bolsas, crise na Argentina, conflitos no Oriente Médio. Fatores que, juntos, fizeram a Bovespa despencar, os juros ficarem pressionados e o dólar disparar. Neste cenário atípico, os fundos cambiais levaram a melhor: até o dia 25 figuravam na liderança isolada do mês, segundo dados da Associaçao Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), com uma rentabilidade líquida (descontado o IR) de 3,39%. Veja no quadro abaixo:

Segundo os gestores, os investidores menos avisados nao devem se animar com essa excelente rentabilidade dos fundos cambiais em outubro. "Foi um cenário de nervosismo atípico, mas no fim do mês as coisas já começaram a se acalmar e as cotaçoes, a ceder. Acredito que vá acabar voltando para o patamar de R$ 1,85 ou R$ 1,86", avaliou Alexandre Póvoa, gestor de renda variável do ABN/Asset Management.

Na segunda colocaçao do mês, com rentabilidade de 0,8%, os fundos DI despontam como a aposta dos gestores para o curto prazo, ou seja, até o fim do ano. Isso porque ninguém acredita que o Banco Central vá alterar a taxa básica de juros (Selic) ainda em 2000. "Os mais conservadores devem se manter em DI no curto prazo porque as taxas nao devem baixar", opinou Mauricio Levi, gestor de fundos da Fama Investimentos, de Sao Paulo.

Mesmo em um mês de extrema turbulência, as três primeiras categorias do ranking (cambiais, DI e renda fixa) conseguiram bater a poupança, que fechou com uma rentabilidade de 0,63%.

Médio prazo - Os fundos de renda fixa, que se posicionavam em terceiro lugar até o dia 25 de outubro, com rentabilidade de 0,76%, podem ser opçoes para médio e longo prazos. "Quem aceita um pouco de risco e pode esperar um prazo um pouco maior pode optar pelos fundos prefixados, porque a expectativa é de que os juros voltem a cair em 2001", disse Levi.

Já os fundos livres, que incluem derivativos, e o risco inclusive de o investidor perder mais do que o valor inicialmente aplicado, sao indicados pelos especialistas apenas para "iniciados". "Até porque esses fundos dependem nao só do cenário, mas muito da administraçao e das apostas de cada gestor", explicou Levi. Essa instabilidade refletiu-se nos números de outubro: os fundos livres obtiveram rentabilidade de 0,41%, enquanto os multiportfólio tiveram perda (rendimento negativo) de 1,66%.

Os gestores lembram ainda que com a queda acentuada que a bolsa sofreu, os fundos de açoes podem ser também opçoes para quem investe pensando em médio e longo prazos. Mas isso só para quem tem estômago para nao se assustar com as oscilaçoes: neste mês, por exemplo, os fundos ativos Ibovespa amargavam até o dia 25 uma perda de 13,99%.

Perspectivas - Embora concordem que a cautela em relaçao ao petróleo deve persistir até o fim do inverno no Hemisfério Norte, os gestores acreditam que o cenário voltou a ficar menos turbulento. "Começamos o mês de outubro com uma perspectiva um pouco ruim para o curto prazo, mas com expectativas muito boas para o médio e longo prazos", explica Alexandre Póvoa. "No meio do caminho, com a crise do Oriente, houve a possibilidade de o cenário de longo prazo ficar comprometido e daí a turbulência maior. Mas no fim do mês tudo se acalmou e voltamos a trabalhar com as mesmas perspectivas que tínhamos antes".

Para Maurício Levi, da Fama, nao havia motivo para tanto nervosismo no mercado, porque os fundamentos externos continuam bons e os acontecimentos na Argentina "nao mudam em nada os fundamentos internos daquele país". "Parece que o mercado autogerou uma crise. Essa situaçao na Argentina deve ficar indo e voltando por pelo menos um ano até que chegará um momento de vai ou racha", opinou Levi. "O cenário do petróleo também se acalmou e parece que a Opep (Organizaçao dos Países Exportadores de Petróleo) realmente está trabalhando para que o preço recue e fique entre US$ 22 e US$ 28", disse.




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