Se as notas das provas escolares ficarem abaixo da média, os meninos do Projeto Vôlei Masculino de Mauá não participam das competições.

É dessa forma que o coordenador Osvaldo Begliomini coloca em prática o foco educacional do programa, criado em 2001. "O objetivo não é ser fábrica de atletas. A intenção é transmitir ensinamentos que eles vão levar para a vida toda, como ser responsáveis e disciplinados. Mesmo que eu não consiga formar atletas, vou formar cidadãos. Isso é o mais importante."

Os frutos já estão nascendo e um deles é o próprio filho de Osvaldo, Felipe Nicao Begliomini. Ele não quer seguir carreira no esporte, mas é um exemplo de que as lições do pai estão fazendo efeito. "Por causa do vôlei, aprendi a sempre honrar meus compromissos, cresci como pessoa e amadureci."

O jovem de 14 anos foi um dos que conquistaram em Fortaleza, em setembro, o vice-campeonato da etapa nacional dos Jogos Escolares, na categoria mirim (14 anos) Os competidores ficaram por uma semana na cidade cearense e pelo menos 40 minutos de cada dia eram dedicados aos estudos.

Os parceiros do projeto são praticamente todos da área educacional, como escolas de idiomas e de informática, além de três universidades do Grande ABC. As instituições oferecem bolsas de estudos para os 100 meninos que integram o grupo.

A maioria dos jogadores é de Mauá, mas há crianças e jovens de outros lugares, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Manaus. No total, são cinco categorias, além da mirim: iniciante (10 e 12 anos), pré-mirim (13), infantil (15 e 16), infanto-juvenil (17 e 18) e juvenil/sub-21 (19, 20 e 21), dirigidas por nove técnicos e um preparador físico.

O elenco participa anualmente de cerca de 200 partidas oficiais em competições como Campeonato Paulista, Jogos da Juventude, Regionais e Abertos do Interior, além de todas as etapas dos Jogos Escolares, desde a sub-regional até a sul-americana.

Nos Regionais, em julho, o time juvenil/sub-21 conseguiu resultado inédito: pela primeira vez, o município levou o título em uma modalidade coletiva na Primeira Divisão do torneio.

Maurício agora brilha no S.Bernardo/BMG

A única categoria que o Projeto Vôlei Masculino de Mauá ainda não conseguiu montar time - por falta de verba - é a adulta. Em razão disso, muitos atletas acabam deixando a cidade para representar outras equipes.

Hoje, seis jogadores que se formaram no município atuam em clubes que vão participar da próxima edição da Superliga, a partir de novembro.

Um deles é Maurício, que defende o São Bernardo/BMG. O central participou do projeto de Mauá em 2006 e 2007 quando tinha 16 anos e nem imaginava que seria convocado para a Seleção Sub-23, o que aconteceu em abril.

"Trabalhar com o professor Osvaldo foi fundamental para a minha carreira, para o que sou hoje como atleta. Foi uma oportunidade de evoluir tecnicamente e ficar conhecido no vôlei", destacou.

Para não perder mais talentos como Maurício com tanta facilidade, Osvaldo já negocia com os patrocinadores para tentar montar uma equipe adulta em 2011, e disputar a Primeira Divisão do Paulista, que dá acesso à Divisão Especial.