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Opinião do consumidor

Colocamos o dono do genérico oriental Lifan 320 para dirigir
o clássico inglês Mini Cooper S; confira aqui o que ele achou

Vagner Aquino
Do Diário do Grande ABC
18/01/2012 | 07:00
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Entre o Lifan 320 e o Mini Cooper S que você vê nesta página, está Sagar Karahe. O músico, 29 anos, é proprietário do modelo chinês desde julho. O motivo da compra? A semelhança visual com o carrinho britânico que, segundo ele, é "um sonho de consumo."

"Precisava de um carro bonito, mas com preço popular. Pesquisei opções como Ford Ka e Fiat Uno, por exemplo, mas eram completamente pelados e eu queria ter o mínimo de conforto, como vidros elétricos e ar-condicionado. Acabei encontrando este modelo numa revenda de carros de luxo por R$ 25 mil", conta Karahe.

Para ele, as principais vantagens do Lifan 320 são a lista de equipamentos e, claro, as linhas que imitam o desenho do Mini Cooper - o que resultou no apelido pejorativo de genérico.

Por outro lado, as semelhanças se restringem a isso. A começar pelo preço sugerido do clássico inglês, que não sai das revendas por menos de R$ 128.750. Vale lembrar que a marca - oficialmente no Brasil desde 2009 - tem portfólio com cinco modelos, o mais barato deles é o One - R$ 69.950.

Para Karahe, o principal chamariz do Mini é o design "Gosto de carros com visual diferenciado e o estilo retrô do Mini Cooper é sensacional!"

 

PELAS RUAS

Hora de colocar o músico para experimentar, na prática, o sonho de consumo e saber qual a sua opinião sobre o modelo. Prestando atenção a cada detalhe, Karahe passa a comentar os atributos do veículo. "Este velocímetro gigante é um charme", refere-se ao mostrador analógico localizado no centro do painel.

"Outra característica que me agrada muito é a esportividade que o Mini exala, além de ser totalmente personalizável. Dirigir trocando marchas por meio destas borboletas no volante é outra pegada", brinca.

"Estabilidade, comandos, espaço interno, sistema de entretenimento, desempenho, nível de ruídos, acomodação... não tenho o que reclamar do Mini", enfatiza ele, que compara a estabilidade do modelo com o chinês vendido no Brasil. "Ao fazer as curvas, dá para perceber que o carro realmente cola no chão, diferentemente do Lifan, que tem a suspensão molenga e não é estável. Nas curvas, sinto que ele dá uma levantada."

Enquanto dirige a 110 km/h na Via Anchieta, Karahe só faz elogios ao motor 1.6 16V turbo de 184 cv do Cooper S. "É muito agressivo! Nesta hora podemos sentir que o carro fica totalmente sob nosso domínio. Ah, se não fossem os limites da estrada...", lamenta. Vale lembrar que o veículo dirigido diariamente pelo músico tem motor 1.3 que gera 88 cv.

Um ponto que rendeu crítica ao Mini foi o para-brisa. "É muito pequeno! Isso dificulta principalmente a visualização dos semáforos", fala, enquanto testa a abertura do teto solar.

Após algumas horas rodando de Mini Cooper pelas ruas de Santo André e da Capital, nosso entrevistado se despede do modelo com gostinho de quero mais. "O carro é maravilhoso, pena que está fora do orçamento", finaliza, enquanto estaciona o automóvel.

 

Chinês coleciona série de reclamações

 

A Lifan não possui fábrica no Brasil e, segundo Sagar Karahe, proprietário de um Lifan 320, isso é maléfico para o consumidor local, que fica à deriva quando o assunto é pós-vendas.

"Desde que comprei o carro acumulei série de problemas e, como ele é montado no Uruguai, as peças demoram muito para chegar, fora que o número reduzido de revendas (são 16 no Estado de São Paulo) acaba nos desgastando ainda mais", diz.

Entre julho e dezembro do ano passado, Karahe afirma ter visitado a concessionária da Lifan aproximadamente nove vezes. "A primeira delas foi ocasionada por um barulho que vinha da embreagem. Em seguida, o problema foi nos discos de freio, que rangiam quando acionados. Depois, vieram problemas na mangueira do radiador, no velocímetro digital e no sensor de temperatura", pontua.

"Teve uma época em que o carro apresentava forte cheiro de gasolina; logo em seguida, o problema foi solucionado pela montadora com a troca da bomba de combustível", lembra Karahe, que se queixou novamente do problema enquanto editávamos esta matéria.

Por falar em combustível, Karahe afirma que o consumo do veículo é maior do que a marca afirma, pois, de acordo com suas medições, a queima de um litro de gasolina ocorre após 12,5 quilômetros percorridos, e não aos 19 quilômetros, como alega a montadora chinesa.

De um tempo para cá, algumas peças estão sendo trocadas por componentes nacionais, dessa maneira, "a Lifan tem tudo para dar certo, pois o carro é bom e o serviço é de qualidade, o problema está nas peças", enfatiza o proprietário.

Segundo ele, as pessoas não precisam ter preconceito com carros chineses. "Mesmo não tendo acabamento primoroso, são produtos válidos, pois têm preço popular e boa lista de equipamentos de série, o que serve de lição às montadoras nacionais, que cobram tão caro por veículos pelados."




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