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Jornal dinamarquês pede desculpas aos muçulmanos
Da AFP
09/02/2006 | 10:45
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O jornal dinamarquês Jyllands Posten pediu desculpas aos muçulmanos pela publicação das charges do profeta Maomé em carta enviada à imprensa argelina nesta quinta-feira por intermédio da embaixada da Dinamarca na Argélia.

"Nós nos desculpamos pelo grande mal-entendido provocado pela publicação das charges que representaram o profeta Maomé e alimentaram sentimentos belicosos em relação à Dinamarca", diz a carta redigida em árabe e traduzida pelo jornal La Tribuna.

"Nós não compreendemos em momento algum a extrema sensibilidade dos muçulmanos que vivem na Dinamarca e a de outros muçulmanos no mundo em relação a esta questão", explica o texto assinado pelo chefe da redação do jornal, Karsten Juste, e que também foi citado pelo Le Quotidien de Orán.

"É evidente que essas charges afetaram milhões de muçulmanos no mundo. É por essa razão que hoje apresentamos nossas desculpas e lamentamos profundamente o que acaba de ocorrer e que, de maneira alguma, era a intenção do jornal".

O jornal dinamarquês afirma ainda que "as charges não queriam de maneira alguma ofender a figura do profeta, ou diminuir seu valor, e foram, ao contrário, propostas como preâmbulo a um diálogo sobre a liberdade de expressão da qual estamos orgulhosos em nosso país".

"Em relação a essas 12 caricaturas, publicadas por nosso jornal, algumas se explicam por um mal-entendido devido a diferenças culturais, e não temos preferência por nenhuma cultura", acrescenta.

Fazendo notar que "essas charges foram apresentadas como uma campanha feroz contra os muçulmanos", afirmou que "nega e condena esse enfoque", pois considera sagrada "a liberdade de todas as religiões e a liberdade dos indivíduos no exercício de seus cultos religiosos".

"Lamentamos ter sido mal compreendidos e afirmamos que o objetivo jamais foi ofender alguém", conclui Karsten Juste, afirmando sua "total desaprovação de todo ato que vise a atentar contra qualquer religião, qualquer nacionalidade ou qualquer povo".

O jornal dinamarquês já havia apresentado suas desculpas em 30 de janeiro, em uma carta dirigida à agência jordaniana Petra, e o primeiro-ministro dinamarquês, Anders Fogh Rasmussen, elogiou a iniciativa.

A publicação das charges, reproduzidas por outros jornais europeus, provocou a ira dos muçulmanos do mundo inteiro e deu lugar a manifestações por vezes violentas em algumas capitais, em que as embaixadas da Dinamarca foram incendiadas.

Na segunda-feira passada, cerca de 3 mil pessoas, atendendo ao chamado de um partido islamita, manifestaram sua cólera e sua reprovação às caricaturas denunciadas como "ataques ultrajantes e inadmissíveis contra a santa figura do profeta do Islã".

Na terça, diretores e jornalistas da televisão argelina foram demitidos por terem exibido as charges de Maomé durante o noticiário.




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