Após comentar os depoimentos prestados pelo motorista Francisco das Chagas Costa e por três funcionários da Prefeitura de Ribeirão Preto à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Bingos, o senador José Jorge (PFL-PE) afirmou que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, fica em posição desconfortável para continuar conduzindo a política econômica do país. Sua avaliação baseia-se na confirmação pelos três funcionários da existência de superfaturamento em contratos de limpeza urbana entre a prefeitura e a empresa Leão & Leão na época em que Palocci era prefeito de Ribeirão Preto. "A CPI dos Bingos teve acesso ontem [quarta-feira] a uma linha de investigação que pode redundar no fim do mundo da corrupção petista" disse.

Na avaliação do senador, o motorista Francisco das Chagas desmontou a defesa de Palocci na CPI dos Bingos quando disse ter visto o ministro ir a uma casa no Lago Sul freqüentada por ex-assessores em Ribeirão Preto. Em seguida, revelou ter sido informado da ida de empresários angolanos do ramo de bingos ao Ministério da Fazenda já na gestão Palocci.

Depois de assinalar a firmeza desse depoimento, José Jorge ressaltou o depoimento da funcionária Marilene do Nascimento Falsarella, que confirmou a adulteração de planilhas em favor da Leão & Leão, rendendo um desvio mensal de R$ 400 mil entre 2001 e 2004.

Outro testemunho comentado por José Jorge foi o do delegado de Ribeirão Preto que comanda inquérito sobre as denúncias de corrupção na prefeitura do município. O depoente, disse o senador, revelou que as provas sobre o caso permitiriam indiciar Palocci e funcionários por formação de quadrilha e peculato. "Pela primeira vez na história um ministro da Fazenda deverá responder a processo no STF [Supremo Tribunal Federal] por formação de quadrilha e peculato", disse.