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Venda de carro importado cresce 175%
Leone Farias e Wagner Oliveira
16/07/2010 | 07:24
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"Está faltando carro." A frase foi dita ontem num misto de alegria e tristeza pelo presidente da Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores), Luiz Gandini.

Alegria porque as vendas dos importadores cresceram 175,3% no primeiro semestre contra igual período de 2009. Tristeza porque, se as 25 afiliadas da entidade tivessem mais estoque, estariam vendendo tudo - mesmo pagando imposto de importação de 35%.

"O mercado está bom demais. Está comprador, mas infelizmente não conseguimos dar conta da demanda", afirmou Gandini. Mesmo assim, a Abeiva espera alcançar crescimento em torno de 90% em 2010 em comparação com 2009 - passando de 47.294 para 80 mil unidades.

Segundo ele, os importadores de automóveis foram pegos de surpresa com o crescimento acima do previsto. Agora, não conseguem repor estoques na velocidade desejada, já que as matrizes precisam de planejamento para atender os pedidos.

"Também existem os problemas de logística", afirmou o presidente da Audi, Paulo Sérgio Kakinoff. "Faltam navios para transportar estes carros, já que mercados em outras regiões do mundo se recuperam da crise", afirmou.

Por falta de produto, fatalmente as vendas vão perder a força no segundo semestre. "Cada marca está fazendo de tudo para conseguir mais veículos, mas não é uma operação que se faz do dia para a noite", disse o presidente da Abeiva. Ele afirmou que a burocracia do governo em homologar novos modelos também dificulta a atividades. "Nada é aprovado em menos de quatro meses no Brasil. Com isso, ficamos muito atrás de outros países, que têm processos muitos mais simples e rápidos na homologação de veículos estrangeiros", disse.

Gandini também credita o sucesso das vendas ao lançamento de modelos, ao aumento das redes de revendas e ao crescimento da renda em todo o País. "Em 2002, não achávamos interessados em representar novas marcas. Hoje, existe até disputa."

Já sentindo o reflexo da falta de produtos, o mês de junho registrou crescimento de apenas 2,6% sobre maio para as afiliadas da Abeiva. No mês passado, foram vendidas 7.642 unidades contra 7.450 veículos em maio.

A Abeiva representa marcas de luxo como a Ferrari, que volta para a entidade, Land Rover, Porsche, Audi, BMW e Aston Martin. Mas é coreana Kia que detém quase 53% das vendas da entidade.

Segundo o diretor da concessionária Kia Sol de Santo André, João Luís Alvares de Moura, os veículos da marca têm tido boa aceitação em função do custo/benefício - preço competitivo , design e qualidade dos produtos. A montadora tem como carro-chefe o Cerato, sedã médio que custa em torno de R$ 50 mil.

China - Se houvesse mais carros, a chinesa Effa Motors certamente teria avançado mais, de acordo com revendas da marca. A montadora chinesa contabilizou no País 1.627 carros vendidos no primeiro semestre, alta de 344% em relação ao mesmo período de 2009.

A revenda autorizada Redecar de Santo André segue esse ritmo forte. Aberta em maio de 2009, a loja - que começou vendendo, no primeiro mês, "meia dúzia" de carros, segundo o proprietário, Natalino Chiaregato - comercializou 30 unidades no mês passado.

"A aceitação é muito boa, só hoje (ontem) vendi cinco", afirmou. O custo acessível é um diferencial. A picape Effa (preço de R$ 21.450) é o carro-chefe, mas o empresário tem boa expectativa em relação ao sedã M100 (que deve sair por R$ 25 mil, na versão completa) que está em falta e deve chegar em 30 dias.




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