Pelo menos 200 pessoas morreram e mais de 300 ficaram feridas nesta terça-feira em Lagos, capital econômica da Nigéria, em um incêndio provocado por um ato de vandalismo contra um oleoduto. ”O número de feridos pode ser muito maior, porque neste tipo de acidente muitos se escondem por medo da polícia”, explicou um responsável da Cruz Vermelha.

No local da tragédia, no bairro popular de Abule Egba, norte de Lagos, era possível ver vários corpos queimados em meio à fumaça. Os feridos foram levados para um hospital de Ikeja, outro bairro do norte de Lagos, junto ao Aeroporto Internacional.

O incêndio do oleoduto foi controlado à tarde pelos bombeiros, mas espessas nuvens de fumaça ainda pairavam sobre o local. O cheiro de diesel, persistente, levou os policiais a recomendarem às pessoas que deixassem o local.

Tragédia - O incêndio começou nas primeiras horas da manhã desta terça-feira, após a chegada de homens para roubar combustível com seus caminhões-tanques. A explosão teria acontecido logo em seguida, quando moradores do bairro se reuniram para pegar petróleo. "Eles invadiram, encheram o caminhão de diesel e fugiram", indicou um cidadão.

Este tipo de vandalismo é freqüente na Nigéria, principalmente em caso de escassez de combustível, como a atual em Lagos.

O presidente da Nigéria, Olusegun Obasanjo, se disse "surpreso" e "triste" com a tragédia. "É especialmente triste que prossigam estes atos, apesar das advertências contra o vandalismo envolvendo oleodutos, o que não é apenas ilegal, mas também perigoso". O governador do estado de Lagos, Bola Ahmed Tinubu, foi ao local da tragédia e manifestou sua "profunda tristeza", prometendo punir os culpados.

A Nigéria, maior produtor de petróleo da África, com 2,6 milhões de barris por dia em média, registrou 2.258 atos de vandalismo em seus oleodutos nos últimos cinco anos, segundo um relatório da empresa petrolífera estatal NNPC (Nigerian National Petroleum Corporation) publicado em julho passado.

Somente para o ano 2005, a NNPC estima em mais de 650 mil toneladas o volume de petróleo desperdiçado nestes incidentes.