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Delegado acusa Palocci de ligação com fraudes em Ribeirão Preto
Da Agência Senado
09/03/2006 | 20:15
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Em depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Bingos nesta quinta-feira, o delegado seccional de Ribeirão Preto (SP), Benedito Antônio Valencise, relatou detalhes das investigações sobre irregularidades em contratos e licitações da prefeitura do município com a empresa de varrição urbana Leão & Leão. De acordo com o delegado, os inquéritos policiais contêm provas e indícios do envolvimento dos ex-prefeitos Antonio Palocci (Ministro da Fazenda) e Gilberto Magioni no comando do esquema, em conjunto com o presidente da Leão & Leão, Luiz Cláudio Leão.

Valencise informou que as investigações começaram há dois anos, desencadeadas por escutas telefônicas realizadas pelo Ministério Público e pela Polícia Civil. O inquérito policial, afirmou o delegado, aponta funcionários da Leão & Leão e da prefeitura como suspeitos de formação de quadrilha e fraudes em licitações. Inclusive, em busca judicial na sede da empresa, teriam sido encontrados modelos de editais que seriam utilizados para fraudar concorrências públicas em prefeituras de cidades vizinhas a Ribeirão Preto.

Outra busca judicial, disse o delegado, encontrou no Daerp (Departamento de Águas e Esgotos de Ribeirão Preto) documentos falsificados com o objetivo de superfaturar os serviços de varrição urbana, inclusive com relação de trabalhos não realizados, mas pagos pelo município. "Realizamos várias diligências e constatamos que muitas ruas não eram varridas, mesmo constando nos documentos. Funcionários da empresa e fiscais da prefeitura eram obrigados a assinar documentos atestando a realização de limpezas não realizadas", afirmou Valencise.

O delegado relatou que, quando da prisão de Rogério Buratti, este teria afirmado que o esquema de corrupção teria começado em 2001 e se estendido até meados de 2004. Buratti também teria dito que o acordo era firmado entre Palocci e Luiz Cláudio e depois as ordens eram repassadas a subordinados, como Isabel Bordini, então superintendente do Daerp. O vice de Palocci teria assumido os acertos quando da saída de Palocci, disse Valencise. "É evidente a participação dos prefeitos. Era um esquema muito grande, envolvendo muitas pessoas, não é possível que só funcionários subalternos participassem. Esse caso envolve o comando do governo municipal e da empresa", opinou o delegado.

De acordo com as investigações, informou Valencise, a Leão & Leão recebia pagamentos superfaturados da prefeitura e depois parte dos recursos (cerca de R$ 50 mil mensais) eram repassados para Ralf Barquete ou até mesmo para o prefeito. Mais de duas mil notas fiscais frias e ordens de serviço falsificadas foram apreendidas no Daerp e na Leão & Leão, afirmou o delegado, o que comprovaria os superfaturamentos, cujos recursos desviados seriam destinados, em parte, para campanhas políticas.




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