Economia Titulo Proteção ao emprego
Governo lança MP que permite redução salarial

Proposta foi feita por centrais sindicais com objetivo de evitar demissões no setor produtivo

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
07/07/2015 | 07:04
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Andréa Iseki/DGABC


O governo federal irá publicar hoje no Diário Oficial da União a MP (Medida Provisória) que cria o chamado PPE (Programa de Proteção ao Emprego). O pacote permite que as empresas reduzam a carga horária e os salários durante momentos de crise econômica. O plano visa evitar demissões na indústria e foi proposto por centrais sindicais. A matéria tem força de lei até que seja votada pelo Congresso, que pode alterá-la, rejeitá-la ou indicar alterações. Por ser polo automotivo, a região é bastante afetada pela crise no setor produtivo. (Leia mais na página 8)

A MP prevê que a carga horária pode ser reduzida em até 30% por seis meses, prazo que poderá ser prorrogado até atingir 12 meses, no máximo. Durante esse período, o empregador deixa de pagar 30% do salário de cada funcionário incluído no programa. Para suprir o corte, o governo cobrirá metade da renda suprimida (15% do salário), por meio do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Entretanto, a complementação tem teto equivalente a 65% do maior benefício do seguro-desemprego. Ou seja, até R$ 900,84.

Por exemplo: se o funcionário trabalha 40 horas semanais, poderá fazer jornada de até 28 horas. Considerando salário de R$ 2.000, o empregador pagará R$ 1.400, enquanto o governo bancará R$ 300. O colaborador receberá R$ 1.700.

A empresa continuará contribuindo com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), mas irá utilizar como referência o valor correspondente a 85% do salário nominal.

O advogado Eduardo Maximo Patricio explica que a adesão ao PPE só poderá ser feita após acordo com o sindicato, sem possibilidade de decisão unilateral. “Na prática, esse tipo de medida já vinha sendo feita por meio de acordos, mas agora foram estabelecidos alguns critérios e talvez fique mais fácil negociar.” Para o especialista, a empresa terá mais segurança jurídica para lançar mão dessa ferramenta sem correr risco de ser processada.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, considera o PPE como algo positivo. “Vem em boa hora. É necessário dizer que, quando reivindicamos o programa, em 2012, portanto a pleno emprego, a nossa visão era criar um mecanismo que, em episódio de crise, nos desse condições de vencer momentos de dificuldade.” Ele acrescenta que a manutenção dos postos de trabalho facilita a retomada do crescimento e causa menos prejuízos à economia, já que o trabalhador continuará tendo renda.

Já o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP), considera a medida como paliativa e critica o corte dos salários. “O governo levou o País a uma situação desastrosa e quem vai pagar a conta é o trabalhador.”

O parlamentar, que é presidente licenciado da Força Sindical, garante que, ainda hoje, irá apresentar emenda à MP solicitando que o governo cubra 30% dos salários, e não apenas 15%. Ele ironiza o fato de a CUT (Central Única dos Trabalhadores), ligada ao PT, elogiar o programa. “A CUT é chapa branca. Os trabalhadores não pensam como eles.”

Empresários da indústria elogiam o mecanismo. Para o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Moan, o PPE será fundamental para dar mais tranquilidade às empresas e aos trabalhadores. “Estávamos insistindo com o governo para termos mais um instrumento para ajudar a manter o nível de emprego.” O programa, na sua avaliação, vai dar mais flexibilidade para ajustes de produção das montadoras, sem necessidade de cortes. Com isso, ele acredita que possa, inclusive, melhorar a confiança do consumidor. “Tenho certeza de que vai significar melhora das vendas no fim do ano”, disse. 




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