O espetáculo enfoca a realidade vivida por Sandra na Febem – maus-tratos, estupro e homossexualismo são alguns dos temas abordados. O tom de denúncia é preponderante. Rocha salienta a atualidade do texto. “A realidade pouco mudou e não usamos termos da época, a linguagem é atual”, diz. Vanusa Josefa interpreta Sandra – 20 adolescentes, moradores de Heliópolis, compõem o elenco.
Queda Para o Alto é a primeira montagem do grupo. “Queria um texto que mexesse com o público e passasse uma mensagem. O objetivo é levar o público à reflexão, e não fazer teatro por fazer”, afirma Rocha. “Quando as pessoas assistem a uma rebelião na TV, vêem o lado mau do interno – ninguém lá é santinho, não –, mas não sabem o que acontece lá dentro”, diz.
Suplicy lê alguns poemas de Sandra e conta como a conheceu. Convidado por Gisele Inácio, integrante do grupo, para gravar um vídeo que seria exibido durante a encenação, o senador aceitou. “Vi o ensaio e gravei o vídeo, mas resolvi fazer ao vivo quando tivesse disponibilidade”, afirma Suplicy.
No prefácio de Queda Para o Alto, Suplicy destaca a “grande sensibilidade” e a “vontade de transmitir ao mundo sua experiência (...) para revelar claramente à sociedade o que existe e que poderia ser diferente”.
O poema Mataram João Ninguém é um exemplo: “E João morreu... ninguém ouviu./Eu vou distribuir panfletos, dizendo que João morreu./Talvez alguém se recorde/do João que falo, eu./Falo daqueles mendigos que somos,/pelo menos em matéria de amor,/aquele amor que esquecemos de cultivar/o qual, com tanto dinheiro, ninguém jamais coroou.” Sandra se suicidou em agosto de 1982, aos 20 anos.
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