Economia Titulo Mobilização
Trabalhadores votam acordo na Mercedes

Proposta visa proteger emprego na montadora e readmitir grupo de funcionários demitidos

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
03/07/2015 | 07:07
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Claudinei Plaza/DGABC


Após quase um mês de mobilização dos trabalhadores, a direção da Mercedes-Benz e o Sindicato dos Metalúrgicos chegaram a um acordo para tentar preservar os empregos na fábrica de São Bernardo durante o período de queda nas vendas de ônibus e caminhões zero-quilômetro. Entretanto, para que a proposta seja colocada em vigor, precisa ser aprovada pela categoria. A votação, que gerou vaias de parte dos funcionários aos sindicalistas, foi realizada ao longo de todo o dia de ontem e o resultado será anunciado hoje.

O acordo prevê a redução da jornada de trabalho de todos os funcionários em 20% até 2016, com decréscimo de 10% no salário. A proposta também depende de que o governo federal lance o PPE (Plano de Proteção ao Emprego). Se isso ocorrer, há o compromisso de adesão por parte da montadora, segundo a entidade dos trabalhadores. O pacote que deve sair do Planalto consiste na diminuição da carga horária e dos vencimentos em 30%. Entretanto, metade do valor temporariamente cortado do pagamento seria coberto pelo FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Dessa maneira, o desconto efetivamente repassado ao empregado seria de 15%.

Também foi acordado, entre sindicato e empresa, que será aberto mais um PDV (Programa de Demissões Voluntárias), destinado a aposentados na ativa e a colaboradores que têm estabilidade em razão de doenças ocupacionais.

Para cada adesão ao PDV, a Mercedes readmitirá um funcionário do grupo demitido no início de junho. No fim de maio, a empresa anunciou que iria dispensar 500 empregados que estavam em lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho). Desses, 195 aderiram ao PDV oferecido pela montadora, que previa pagamento de R$ 55 mil a cada beneficiário, além das verbas indenizatórias.

Os funcionários que não aceitaram o PDV – cerca de 300 – estão acampados em praça na frente da fábrica de São Bernardo, no bairro Pauliceia, para pressionar a direção da empresa a negociar alternativa que preserve os empregos, apesar de o excedente de pessoal na unidade chegar a cerca de 2.000 operários. A expectativa é que, caso o acordo seja aprovado pela categoria, o acampamento, que já dura 26 dias, seja desmontado hoje.

Em contrapartida às readmissões, os salários dos funcionários terão reajuste abaixo da inflação no ano que vem – 50% do acumulado do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), além de congelamento de faixas salariais. A Mercedes foi procurada para comentar sobre as negociações, mas não se manifestou.

MOBILIZAÇÃO - Para manter o acampamento, os manifestantes se revezam em três turnos, conforme explica um dos organizadores, o metalúrgico José Dijalma de Souza, 41 anos. “Tem um pessoal responsável pela comida, outro pela lavagem de louças. Além disso, a solidariedade é fundamental. Recebemos muitas cestas básicas de outros sindicatos”, comenta. Os acampados fazem rateios para bancar despesas como gás e gasolina – usada para alimentar um gerador de energia.

Souza vive situação inusitada. Seu filho, 17, passou no curso do Senai e entrará na empresa no fim do mês como aprendiz. “Espero já estar de volta à fábrica para poder recepcioná-lo e dar as boas-vindas a ele.” 




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