O ex-prefeito de São Bernardo Maurício Soares (PSB) entregou os pontos. Na tarde de quinta-feira, o socialista pediu exoneração do cargo ocupado na Prefeitura de Coordenador de Ações Comunitárias - alegando motivos pessoais -, renunciou à pré-candidatura à sucessão municipal e garantiu apoiar o prefeiturável petista, o ministro da Previdência, Luiz Marinho, nas eleições.

O ex-chefe do Executivo argumentou que seu afastamento do Paço foi motivado pelas recentes demissões de funcionários indicados por ele. Desde o início da semana, 13 pessoas ligadas ao governista foram exoneradas, entre elas, três da Sedesc (Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania), administrada por sua mulher, Laerte Soares.

"Poderia esperar para ser demitido pelo prefeito (William Dib-PSB), mas decidi antecipar a decisão em solidariedade aos demais profissionais que foram dispensados simplesmente porque estão me apoiando", justificou o ex-funcionário do primeiro escalão.

Com o rompimento, Maurício, que aguardava aval da executiva nacional do PSB para definir o futuro, afirmou estar livre para se unir ao PT. "Estava esperando uma decisão da nacional, mas não acredito que haja mudança no quadro. Tentei permanecer no PSB enquanto deu, mas não tenho mais possibilidade de pleitear uma candidatura. Isso está fora de cogitação."

O ex-prefeito garantiu que não está em seus planos deixar o partido, mas reafirma que não trabalhará para o candidato governista - o deputado estadual Orlando Morando (PSDB). "Com a minha decisão (rompimento com o grupo), não existe nenhum empecilho. Posso apoiar quem eu quiser."

Mesmo confirmando as negociações com os petistas, a menos de duas semanas para o início das convenções, o socialista afirmou que seu papel nas eleições não está definido. "Marinho e eu continuamos conversando com muita calma, não há exigências e não estamos pensando nisso agora. No momento, quero ajudá-los a vencer."

Para garantir o apoio, Maurício tratou de mudar o discurso e já começou a trabalhar na pré-campanha de Marinho, pelo menos em suas bases eleitorais. Desde a última semana, o ex-prefeito tem visitado militantes para esclarecer que voltará a lutar ao lado da legenda que o projetou politicamente.

O prefeito William Dib, que desde o início do impasse envolvendo a candidatura de Maurício evita comentar sobre a ruptura com o governista, não mudou o posicionamento mediante a exoneração. À imprensa informou apenas "encarar com naturalidade o pedido de demissão daquele que escolheu o caminho de apoiar o PT".