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Fé estampada no chão
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
11/06/2009 | 07:00
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Divulgação


O que há em comum entre as cidades de Matão, Itapecerica da Serra e Santana de Parnaíba, no interior paulista, além da mineira Ouro Preto, da catarinense Palhoça e da capixaba Castelo? Além de igrejas e construções históricas, são elas as autoras dos mais belos tapetes de rua, confeccionados com cascas de ovo e serragens coloridas, para a passagem da procissão de Corpus Christi, que acontece hoje em diversos pontos do Brasil e do mundo.

Castelo, no Espírito Santo, é conhecida por promover a maior festa de Corpus Christi do País. Praticamente toda a população participa da confecção dos tapetes com pó de café, serragem e flores da região. Já a histórica Ouro Preto é apontada como o primeiro município brasileiro a ornamentar ruas com tapetes coloridos. E preserva a tradição até hoje. As celebrações têm início às 7h com missa no santuário Nossa Senhora da Conceição seguida de procissão pelas ladeiras da cidade histórica.

O cortejo arrasta tantos fiéis que a Secretaria de Estado de Turismo preparou um roteiro religioso que contempla igrejas, museus e eventos religiosos não só de Ouro Preto como de Sabará, Congonhas, Diamantina, Tiradentes, São João Del Rey e Mariana, onde crianças vestidas de anjos desfilam sobre tapetes e sacadas ornamentados com colchas e toalhas de renda.

No interior de São Paulo, mais de 1.000 pessoas participarão da confecção de um tapete artesanal de 850 metros pelas principais ruas do Centro Histórico de Santana de Parnaíba. O trabalho consome, em média, 450 quilos de anilina de várias cores, 200 sacos de cal, 2.500 sacos de ráfia e muita serragem.

Outra cidade do Interior famosa por sua decoração sacra é Matão, a 307 quilômetros da Capital. Lá o tapete é confeccionado na calada da noite, por artistas e integrantes de comunidades religiosas, para a surpresa dos moradores no dia seguinte.

HISTÓRIA - A tradição nasceu em Liège, na Bélgica, em 1243, quando a freira Juliana de Cornellon afirmou ter tido visões de Jesus manifestando o desejo de que a data fosse lembrada com destaque. Para satisfazê-lo, a religiosa passou a enfeitar as ruas de sua cidade com flores para receber as procissões que celebravam a presença do corpo e do sangue de Cristo na Eucaristia.

Em 1264, a data foi consagrada em todo o mundo por determinação do papa Urbano IV e, séculos mais tarde, os colonizadores portugueses se encarregaram de inserir no Brasil o hábito de ornamentar ruas com imensos tapetes feitos de serragem, pó de café, grãos, folhas e outros materiais.




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