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Varejo perde força em dezembro, mas bate recorde
Alexandre Melo
Do Diário do Grande ABC
15/02/2011 | 07:10
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O volume de vendas no comércio varejista brasileiro durante o ano passado alcançou crescimento recorde de 10,9%, o maior desde o início da pesquisa em 2001, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Este avanço também foi o dobro do verificado no ano anterior, de 5,9%.

Entretanto, o varejo nacional perdeu força em dezembro, quando foi registrada estagnação no volume de vendas, enquanto a receita nominal cresceu 1% em relação a novembro.

Das oito atividades pesquisadas pelo instituto, seis tiveram aumento nas vendas: tecidos, vestuário e calçados (3,4%); material para escritório, informática (2,8%); livros, jornais, revistas e papelaria (2,3%); itens farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (1,6%); móveis e eletrodomésticos (1,4%); e combustíveis e lubrificantes (1,1%).

Somente as categorias de hipermercados, supermercados, alimentos, bebidas e fumo juntamente com artigos de uso pessoal e doméstico amargaram leve recuo no volume de vendas com 0,3% e 1%, respectivamente.

Para o professor de Economia da Trevisan Escola de Negócios Alcides Leite, esse resultado deve-se a certa antecipação nas compras natalinas em novembro, somada ao aumento da inflação e da Selic, a taxa básica de juros. "A curva que vinha crescendo bateu no teto e agora terá avanço muito consideravelmente menor."

A elevação na renda dos brasileiros somada à oferta maior de crédito foram as principais responsáveis pela expansão das vendas na atividade varejista em 2010. "Mesmo no período da crise, em 2009, o setor foi pouco afetado, garantindo crescimento", afirma o professor.

Leite destaca que para garantir crescimento do varejo nos próximos anos, é necessário controlar a inflação. Ele acrescenta que ela corrói o poder de compra da população. Entre as famílias de baixa renda seus efeitos são mais impactantes.

COMPARAÇÃO - O desempenho do mercado brasileiro na comparação com as principais economias mundiais é pujante. O sócio-sênior e diretor da GS&MD - Gouvêa de Souza, Luiz Goes, comenta que o País passou quase ileso pela crise mundial e se destaca globalmente como um dos mercados de maior expansão.

Nos Estados Unidos, as vendas do varejo cresceram 6,9% em dezembro, encerrando 2010 com aumento de 6,2%. Enquanto isso, na Zona do Euro, houve queda de 0,9% no último mês do ano e avanço de 0,7% no ano passado.

 

Alta no preço dos alimentos impacta desempenho do setor

O desempenho morno do setor no mês de dezembro reflete a escalada no preço dos alimentos verificada principalmente no fim do ano passado. O resultado foi que na atividade de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, houve recuo de 0,3% no volume de vendas.

Situação semelhante aconteceu com a categoria outros artigos de uso pessoal e doméstico, que contabilizou queda de 1% nos resultados. No último mês do ano, o comércio varejista estagnou em relação a novembro, enquanto na comparação com novembro o avanço foi de apenas 1%.

Como a maior fatia do rendimento mensal das famílias brasileiras é destinada à alimentação, a inflação desses produtos impacta o desempenho de outras categorias, pois há menos dinheiro para consumir.

As vendas em hipermercados, supermercados, alimentos, bebidas e fumo impulsionaram em 40% o volume faturado pelo comércio varejista. O professor Alcides Leite diz acreditar que o alta nas vendas será menor durante este ano, devido à conjuntura econômica com juros e inflação maiores.




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