Economia Titulo
Planos de saúde buscam alternativas para driblar perdas
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
07/09/2002 | 17:07
Compartilhar notícia


Em meio à conjuntura de turbulências econômicas no país, as empresas de planos de saúde buscam se adequar à retração no consumo da população e à contenção de gastos das indústrias. Entre as novas estratégias de atuação utilizadas estão o investimento em uma estrutura própria de hospitais e centros médicos para obter maior controle dos custos da operação, e o foco em nichos de mercado, como, por exemplo, as pequenas empresas.

Segundo o presidente de Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo), que representa parte importante do setor, Arlindo de Almeida, os convênios chegaram a crescer de 10% a 20% até o Plano Real, depois passaram por uma reengenharia e, a partir de 1998, enfrentaram novas mudanças.

Os planos surgiram no Brasil na década de 60 quando se instalaram no Grande ABC as indústrias automobilísticas, de acordo com Almeida, para se ter uma opção à precariedade dos serviços públicos de saúde e aos caros serviços particulares. Depois do forte crescimento, o segmento praticamente não cresceu nos últimos cinco anos, segundo o dirigente. E a regulamentação, na sua avaliação, engessou o setor, que agora precisa oferecer ampla cobertura, dar tempo indeterminado de internação e seguir a fixação de reajustes da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

“Quando havia inflação alta, muitos viviam dos ganhos financeiros e se preocupavam mais em vender do que com os custos, depois foi necessária adequação, que foi acentuada com a regulamentação”, disse. Na medicina de grupo – que abrange 44% do sistema supletivo de saúde com 18 milhões de usuários – a perspectiva é crescer, no máximo, 5% neste ano. O reajuste autorizado pela ANS neste ano foi de 7,59%. Além dessa área dos convênios, que movimentou R$ 6,2 bilhões de faturamento em 2001, há ainda as cooperativas médicas, os sistemas de autogestão e o seguro-saúde.

O Grupo Saúde ABC, de Santo André, originalmente foi rede de hospitais e tornou-se plano de saúde em 1999. Segundo o diretor do grupo, Pedro Sérgio Di Pilla, a meta é crescer em torno de 20% em 2002, expandindo em suas bases principais: o Grande ABC e Baixada Santista. Para isso, lançou novos produtos, um deles voltado para a Terceira Idade, e tem planos especiais para pequenas empresas. Ele afirmou que a projeção é favorecida pelo fato de a empresa possuir estrutura própria (oito centros médicos e três hospitais). “Torna-se mais fácil a gestão da qualidade do atendimento e de custos e também a ter economia de escala”.

Para crescer, a Golden Cross, do Rio, investe, com uma forte campanha de mídia em São Paulo, em estratégia de produtos sob medida na negociação com cada empresa. A meta é crescer 10% sobre os R$ 600 milhões de faturamento de 2001. “É preciso estar próximo do cliente corporativo para atender o que ele precisa”, disse o presidente da companhia, João Carlos Gonçalves Regado. Para ele, é possível crescer na área individual (tem 40% dos planos nesse mercado), apesar da regulação do setor. Também tem interesse nas pequenas empresas do Grande ABC.

A gigante em seguro-saúde (sistema no qual não é legalmente permitido possuir rede própria de atendimento médico), Sul América obteve em 2001 R$ 3,5 bilhões em faturamento e investe R$ 1,5 milhão para elevar em 25% a participação no mercado empresarial em um ano. Criou produtos regionalizados e reclassificou a rede credenciada conforme as melhores especialidades dos hospitais. Hoje, 70% da sua carteira é plano empresa.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;