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Fotógrafo do Diário expõe em Santo André
Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
27/08/2002 | 19:16
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A cor é o principal atrativo da mostra que abre às 20h desta quarta-feira no saguão do Teatro Municipal de Santo André. Nário Barbosa, repórter fotográfico do Diário, exibe 20 trabalhos inéditos, suas recentes experimentações plásticas. O evento, em cartaz até o dia 15 de setembro, com entrada franca, faz parte do Programa Anual de Exposições da Casa do Olhar, voltado somente a artistas plásticos do Grande ABC.

Nário apresenta composições em que a base é a fotografia em cores. Para a elaboração das obras, primeiro ele submete os negativos (35mm) de imagens de sua autoria a um processo químico artesanal – banhos de água sanitária, a popular 'cândida'. Na seqüência, ele interfere nos negativos com tinta ecoline e ponta-seca, para somente depois ampliá-los sobre papel. Nas obras em exibição (formato 30cm x 40cm) figuram cenas urbanas e imagens de vegetação, por exemplo.

“Banho os negativos na cândida por poucos segundos, pois ela corrói a emulsão fotográfica. Para brecar o processo, dou um banho de água. O cloro já modifica a cor original, e com ecoline a mudo ainda mais. A criação é trabalhosa, pois os resultados são pouco previsíveis, nem sempre saem como o esperado. Isso sem falar do tamanho do negativo, que é muito pequeno para desenhar”, diz Nário.

Esta edição do Programa recebeu cerca de 30 inscrições, das quais saíram seis selecionados. Além de Nário, a gravurista Paula Pedroso também já está com mostra em cartaz, no Salão de Exposições, ao lado do saguão. As próximas serão de José Urrutia Roba, Oneize Fitorra, Rose Perussi e do grupo Metamorphos.

Milagre – O vernissage desta quarta contará com a intervenção Nihil Obstat, de Antonio Valentim Lino, coordenador da Faculdade de Educação Artística da Fatea (Faculdades Integradas Teresa D’Ávila), de Santo André.

Em um grande suporte em vinil, Lino reproduziu por meio de plotagem uma fotografia sua e, justaposta, a de um anjo. Estirado do teto ao chão do espaço, o banner tem em seu 'pé' uma espécie de altar sobre o qual fica uma cadeira de rodas.

O performer Dirceu Brambilla, envolto em tecido preto, ficará sentado na cadeira de rodas. Às 20h ele se levantará, deixando-a vazia. “É o instante da operação do milagre”, afirma Lino, natural de Aparecida, no interior de São Paulo, artista que tem entre suas temáticas preferidas a religiosa. “Nihil obstat é uma expressão em latim que significa ‘nada impede’, usada pela igreja católica para liberar a publicação de obras religiosas”, diz.

“Essas histórias de imagens de santas surgindo em janelas, embora não tenham relação direta com a obra, só reafirmam sua atualidade. Estamos atolados em um Brasil miserável em que só resta para o povo se apegar à questão do divino, do espiritual. Entre outras propostas, quero dizer com a obra que nada impede que as pessoas creiam ou não em milagres, o que fica a critério de cada um. É um trabalho que provoca o estranhamento”, afirma Lino.




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