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Carnaval do Agreste pernambucano ganha mais folioes
Do Diário do Grande ABC
05/03/2000 | 17:57
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O carnaval de Recife e Olinda teve mais um dia de efervescência neste domingo, mas teve que dividir a cena com Bezerros e Vitória de Santo Antao, no Agreste de Pernambuco, a 100 km da capital. Em Bezerros, o desfile dos papangus, uma tradiçao de mais de 70 anos, atrai uma quantidade maior de turistas a cada ano, tendo no concurso do domingo o ponto alto do carnaval da cidade.

Os papangus sao máscaras de papier-maché pintado usadas pelos folioes da cidade para animar o carnaval, inicialmente usadas apenas por homens para esconder a identidade.

Este ano cerca de 20 mil papangus desfilaram. Artesaos e professores de arte das escolas locais se envolveram na coordenaçao do trabalho de confeccionar cinco mil máscaras. A populaçao, de 52 mil habitantes, chega a triplicar durante os dias de carnaval, segundo a Prefeitura, e a previsao é de que este ano essa movimentaçao seja responsável por um incremento de 70% na atividade comercial do município.

Os temas sao variados, e nao faltam criatividade, malícia, e crítica social. Os temas mais freqüentes no desfile deste domingo foram os 500 anos do descobrimento e as mazelas sociais. Uma das máscaras era uma composiçao de duas cabeças - segundo seu dono, a situaçao em que se encontram os brasileiros desempregados, que se solidarizam entre si e nao contam com políticas sociais que contemplem sua condiçao. Já um grupo de cinco rapazes se vestia com papangus que eram corpos de ponta-cabeça.

Nos anos 30, os homens da cidade se vestiam com mortalhas e usavam máscaras rudimentares para nao serem reconhecidos e saírem às ruas para o carnaval, passando em casa de amigos onde era servido angu de milho. A animaçao e o apetite dos folioes deu o nome à fantasia, que hoje é usada também por mulheres e crianças.

Em Vitória de Santo Antao, o carnaval foi dos históricos blocos de animais, que têm repertório próprio de mais de meio século e fazem a alegria de folioes de todas as idades. Mas foi o Fados Taboquinhas, um grupo de 50 participantes animado por frevos-cançao tocados por paus e cordas, que concentrou as atençoes e a emoçao do povo. Inspirado na tradiçao portuguesa e com cancioneiro típico, o bloco se apresentou no início da noite.

Capital - Os bairros do Recife e de Sao José, no centro da capital, formam um imenso caldeirao em que manifestaçoes simultâneas se sucedem durante o dia e a noite, sem pausa para os folioes, que parecem de fôlego inesgotável. Neste domingo, artistas como Naná Vasconcelos, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo se apresentaram para milhares de pessoas, se alternando com os desfiles de blocos tradicionais.

O bairro de Sao José, que teve o Pátio de Sao Pedro revitalizado e é considerado um berço cultural, foi o palco para o que há de mais tradicional no carnaval da cidade. Além do desfile de escolas de samba, entre elas a Gigantes do Samba de 52 anos, e a Estudantes do Sao José, de 50, passaram por suas ruas o Clubedas Pás, o Lenhadores Olindense, o Banhistas do Pina e o Maracatu Porto Rico.

Segundo o presidente da Federaçao Carnavalesca de Pernambuco, Manoel Mendes, "um momento de mútua reverência, entre as agremiaçoes e o bairro".

Em Olinda, desde o início da manha, desfilaram mais agremiaçoes do que as 60 credenciadas junto à Prefeitura, uma característica do carnaval da cidade, onde brincadeiras espontâneas acabam se transformando em blocos concorridos.

O Homem da Meia-Noite, a Mulher do Dia, o Clube Elefante de Olinda e a Menina da Tarde arrastaram multidoes, enquanto que os irreverentes Patuscos e Caranguejo no Caçuá, formados por intelectuais e jornalistas, deram seu espetáculo de deboche e crítica política.




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