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Mais um semestre com vendas recorde
Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
29/06/2011 | 07:00
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Os números já em posse das montadoras indicam que o primeiro semestre terá novo recorde histórico de vendas. Os primeiros seis meses do ano devem fechar com o emplacamento de 1,626 milhão de unidades contra 1,494 milhão do mesmo período do ano passado - o que indica crescimento de 8,8%.

O bom desempenho no primeiro semestre pode fazer com que a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) reveja sua projeção para 2011, que aponta crescimento de mercado da ordem de 5%, o que implicaria num mercado perto das 3,6 milhões de unidades em todo este ano.

A revisão da previsão da indústria deverá ocorrer em razão de a segunda metade do ano tradicionalmente ser melhor em vendas que o primeiro período.

O resultado verificado em junho pela indústria automobilística também contribui para o bom fechamento no primeiro semestre.

Este mês deverá contar com cerca de 280 mil unidades comercializadas - o que significará aumento de 13,4% em relação ao mesmo mês de 2010.

De acordo com fonte ouvidas pelo Diário, o crescimento do mercado no primeiro semestre ocorreu, em grande parte, devido à agressividade das montadoras, que recorreram a campanhas de marketing e promoções para atrair os consumidores às compras.

Mesmo sacrificando parte de sua receita, a estratégia foi necessária em razão da dificuldade e da carestia do crédito, que ficou muito mais criterioso em razão de medidas adotadas pelo governo federal desde o início do ano para refrear a inflação por meio da redução do consumo.

Apesar disso, o consumidor ainda continua confiante no crescimento da economia e na manutenção dos postos de trabalho. Por isso, mesmo com o crédito mais difícil, não deixou de comprar ou trocar de carro.

 

MÉDIA DIÁRIA

A projeção para o segundo semestre indica a manutenção da agressividade das campanhas promocionais, principalmente em julho e agosto, meses em que as vendas normalmente sofrem refluxo em razão das férias escolares do meio de ano.

Outro fator que indica forte concorrência é diminuição da média diária de vendas. Em junho, deve ficar em 13,5 mil unidades. Em abril, foi de 14.311 contra 14.379 em março.

A média diária é um dos indicadores mais confiáveis utilizados pela indústria, já que feriados e fins de semana costumam causar variações no fechamento e na comparação mês a mês.

A expectativa é que as vendas diárias voltem em setembro para um patamar perto ou acima de 14 mil unidades - semelhante ao registrado no mesmo mês do ano passado.

Em novembro de 2010, a média diária chegou a 16.326 veículos, uma das melhores já registradas pelo setor. Dezembro de 2010 foi o melhor de todos os tempos, com a venda de cerca de 380 mil veículos. Naquele mês, a média diária chegou a 15.662. O recorde foi obtido apesar do recesso das montadoras e das festas de Natal e Ano-Novo.

Caso a indústria mantenha o crescimento na casa dos 8% até o fim do ano, poderá assegurar a posição do quinto maior mercado mundial, atraindo novos investimentos.

 

Citroën sobe posições

 

Com política acertada de marketing, estrutura de rede e novos produtos, a francesa Citroën é uma das marcas que vêm supreendendo no disputado mercado brasileiro. Em junho, a montadora deve comercializar 8.300 veículos contra 5.497 emplacados no mesmo período do ano passado. No primeiro semestre, as vendas devem atingir 46.586 - crescimento de 23,8% em relação às 37.628 registradas no mesmo período de 2010.

Lançado no fim do ano passado, o Aircross acabou ajudando a melhorar os números da montadora. "Ele acrescentou muito e está rendendo tudo aquilo que esperávamos dele", afirmou Rodrigo Hernandez, gerente nacional de vendas da Citroën.

De acordo com o executivo, a marca decidiu apostar em novas praças, principalmente no Nordeste, onde o mercado mostra pujança. "Ainda somos considerados uma marca novata por lá, apesar de já estarmos instalados há dez anos no Brasil", disse. "Os consumidores têm mostrado uma boa aceitação de nossos veículos."

Com o bom resultado de vendas, a Citroën conseguiu saltar posições no ranking da indústria automobilística em junho, devendo fechar o mês com a inédita sétima colocação. "Pretendemos encerrar o mês com 2,98% do mercado, muito perto de nossa meta de utrapassar 3% de share no mercado nacional."

 

Japonesas perdem

 

Em consequência das catástrofes naturais no Japão, as montadoras japonesas Toyota e Honda perderam - como era de se esperar - posições no ranking do mercado nacional em razão da falta de peças importadas, o que dificulta a produção nas fábricas instaladas no Brasil.

A Honda deve encerrar junho na 11ª colocação, com 2,08% do mercado. Tudo indica que a Toyota fique com a nona colocação, com cerca de 2,23% das vendas. Tradicionalmente, as duas marcas oscilavam entre a quinta e a sexta colocação.

A previsão é de que elas voltem a recuperar terreno no fim do segundo semestre, quando suas matrizes no Japão pretendem normalizar a produção de componentes, que são exportados para diversas unidades fabris em todo o mundo.

Os números indicam que a Fiat deva fechar o primeiro semestre na liderança. Considerando junho, a montadora soma 23,83% das vendas, seguida da Volkswagen, com 19,69%.

Já a General Motors tem cerca de 18,84% das vendas no mês, acompanhada pela Ford, com 9,31%. Também surpreendendo, a Renault mantém a quinta posição, com 4,96%. A Hyundai aparece a seguir, com 3,44%. Depois da Citroën, com 2,98%, vem a Kia, com 2,69%. A Peugeot aparece na décima colocação, atrás da Toyota e à frente da Honda.

 

A invasão das montadoras chinesas

 

Marcos Morita

Tenho acompanhado com curiosidade a entrada de mais uma montadora chinesa, desta vez com diferenças marcantes - a começar pelo estardalhaço. Espaços generosos nas principias mídias, corredores de shoppings, além de propagandas em horário nobre. Tenho pensado de que maneira esta comunicação massiva poderá influenciar os consumidores. Gostaria de traçar um paralelo com a curva de adoção de tecnologias, que classifica os consumidores em cinco grandes grupos: pioneiros, visionários, pragmáticos, conservadores e tradicionais.

Pioneiros são viciados em tecnologia, capazes de enfrentar horas de fila só pelo prazer de ter em primeira mão a novidade do momento.

Os visionários apreciam a inovação, avaliando de que maneira determinada tecnologia irá auxiliá-los nas tarefas do dia a dia. Convencidos, costumam adotá-la, mesmo que ainda não totalmente testada.

Os pragmáticos preferem soluções e produtos maduros, consagrados e consolidados, não se importando com a questão da exclusividade.

Os conservadores estudam, analisam, avaliam e muitas vezes relutam em sua adoção. Também avessos ao risco, buscam produtos com ótima relação custo-benefício.

Os tradicionais são muitas vezes forçados a aderir para não se sentirem excluídos. Alguém sem celular ou e-mail pertence a este grupo.

Creio que com os veículos chineses esteja ocorrendo processo similar, sobretudo no que tange a aversão ao risco. Desta maneira, baseei-me em cinco categorias: desconhecimento, desconfiança, avaliação, consumo e recomendação, que se interrelacionam com as apresentadas.

Desconhecimento: a posição atual das montadoras chinesas já foi ocupada por coreanos e japoneses, há algumas décadas. Famosas em seus países de origem, porém desconhecidas quando começam a ganhar escala, penetrando outros mercados. A propaganda de massa é uma das maneiras mais rápidas de se apresentarem aos novos consumidores.

Desconfiança: o respeitado Made in Japan já foi sinônimo de produto de má qualidade no pós-guerra. A invasão de quinquilharias eletrônicas de baixo preço e qualidade duvidosa, presentes em ruas de comércio popular e camelôs, denigrem os produtos Made in China, correndo o risco de extrapolar a má fama para outras categorias.

Avaliação: nesta categoria incluo os veículos coreanos, que já deixaram a desconfiança, quando eram sinônimos de cachorro-quente.

Mas o avanço em tecnologia e design é visível. Sua compra pode ainda ser avaliada e contestada por razões como manutenção e revenda.

Consumo: celulares e televisores coreanos estão hoje na mesma cesta que seus congêneres americanos ou japoneses. Com forte apelo em preço, começam a inovar visando atrair os grupos mais antenados.

Recomendação: apesar dos recentes recalls, é patente a durabilidade dos veículos japoneses. Seus proprietários tornam-se fiéis aos modelos e marcas.

Olhe ao redor e veja as marcas dos produtos existentes em sua cozinha, escritório e sala. Separe-os pela data de compra, dos mais recentes aos mais antigos. Creio que, de alguma maneira, a teoria se comprovará em maior ou menor grau.

Agora, prever quando os veículos chineses deixarão o horário nobre da telinha para ocupar as garagens é ainda incerto. É esperar para ver.




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