O relatório do BC (Banco Central) sobre o caso do banco Panamericano aponta 14 executivos como "supostos responsáveis" pelo rombo de R$ 2,5 bilhões descoberto recentemente no banco do apresentador de TV Silvio Santos.

Além dos oito ex-diretores, cuja citação já era esperada, o órgão incluiu na relação os então membros do conselho de administração: Luiz Sebastião Sandoval, ex-presidente do Grupo Silvio Santos, e Guilherme Stoliar, sobrinho de Silvio e atual presidente do grupo.

Na época em que as fraudes foram cometidas, o primeiro era presidente do conselho do Panamericano. Stoliar era um dos membros.

COLARINHO BRANCO - O relatório sucinto de ocorrência, do processo 1001496607, deve chegar nesta semana à Polícia Federal. O BC não atribui crime aos executivos, mas sugere seu eventual enquadramento na lei do colarinho branco, que trata de crimes contra o sistema financeiro, nos artigos 4, 6 e 10. Nesses casos, são previstas multa e pena de reclusão de até 12 anos para administradores de instituições financeiras condenados por gestão fraudulenta, por induzir a erro sócios, investidores ou autoridades públicas e por falsificar demonstrações financeiras.

Segundo o relatório, o banco Panamericano adotou, "de forma sistemática e contínua, procedimentos de contabilização irregular", que provocaram a necessidade de uma injeção de mais de R$ 2 bilhões no patrimônio da instituição financeira.

O documento não menciona o rombo calculado em R$ 400 milhões nas operações com cartões de crédito, porque essa área não está sob sua responsabilidade.

Foram identificados dois tipos de fraudes: registro em balanço de ativos que não existiam, no valor de R$ 1,4 bilhão, referentes a carteiras de crédito que já tinham sido vendidas a outras instituições; e omissão na contabilidade de um passivo de R$ 670 milhões.

O objetivo era inflar o balanço do banco. "A extensão das irregularidades e a relevância dos valores envolvidos colocaram em risco a continuidade da própria instituição", afirma o relatório.