Cultura & Lazer Titulo
País que é uma piada
Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
07/09/2009 | 07:33
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São vários os episódios contados nos livros didáticos que mais tarde tiveram sua veracidade colocada em xeque. A própria cena da declaração de Independência do Brasil - a qual celebramos hoje -, que teria ocorrido com Dom Pedro II gritando, com espada em punho, "Independência ou Morte!" é um desses exemplos. Pois foi assim, imaginando diversas possibilidades sobre o que teria ocorrido em nosso País que o humorista Jovane Nunes escreveu A Outra História do Brasil - A Versão Desavergonhada e Sem Cortes que Explica Tudo (Editora Planeta, 192 páginas, R$ 29,90). O livro conta os momentos marcantes com muito bom humor e comentários peculiares.

"Sempre gostei de história, principalmente a do Brasil. É um território pouco explorado e tomado pelo teor didático. Pensei: ‘Por que não fazer um livro de humor abordando o tema?' Acredito que seja uma maneira bem diferente e, em certos momentos, necessária, de ver nossa história", explica Nunes. "O objetivo é fazer as pessoas aprenderem pouco e rirem muito."

Acostumado a escrever esquetes para a Cia. Os Melhores do Mundo, da qual faz parte, e para o humorístico Zorra Total, da Globo, Nunes se aventura pela primeira vez no ramo literário. A editora, a mesma responsável por 1808, apostou que a temática histórica poderia seguir o sucesso do projeto de Laurentino Gomes. O trabalho durou dois meses e foi feito durante turnê do grupo de comédia de Brasília pelo País.

As páginas seguem a cronologia de acontecimentos históricos, relembrando a carta de Pero Vai de Caninha e a célebre luta da Incontinência Mineira, passando pelo sofrimento de Lucélia Santos para encerrar a escravidão até a era do simpático gordinho Getúlio Vargas. Fatos mais recentes, como a ditadura durante o governo de Ernesto Botijão de Gaisel e o nascimento da Liga Alagoana da Justiça, comandada por Fernando Collor de Mello, completam os 13 capítulos. "Peguei alguns fatos inusitados e exagerei um pouco sobre os acontecimentos em torno."

As bem-humoradas adaptações são complementadas por ilustrações do ator e designer Welder Rodrigues, companheiro de Nunes na companhia de teatro. As imagens aumentam o teor cômico do material. "Em certos momentos, achava que a piada precisava de um complemento visual. Ele (Rodrigues) entende com facilidade meu estilo de escrever", diz. O autor deu diversas sugestões de arte e como elas deveriam ficar. (Nesta página, reproduzimos algumas, com intervenções feitas por Denis De Marchi).

Entre as ilustrações, destaque para a figura de Juscelino Kubitschek com o ‘mico' de Brasília e para a fuga do monarca Dom João VI em uma lancha.

PÚBLICO - A inusitada releitura da história brasileira já rendeu interessantes situações em relação à reação do público. Em uma tarde de autógrafos em Fortaleza, Nunes foi abordado por um ex-coronel do Exército que parecia irritado com as brincadeiras. Segundo o comediante, "aquele Senhor me disse que era um absurdo fazer esse tipo de coisa com os fatos da Nação." Quando a situação parecia que iria esquentar, o carrancudo coronel abriu um sorriso - para sorte do humorista. "Logo ele viu que era uma obra de tom cômico e entendeu o projeto. Ele adorou o livro e dei o autógrafo", conta.

Apesar de tomar como base fatos reais, o livro é destinado ao público que procura, acima de tudo, se divertir. Nunes imaginou a publicação como fonte de uma leitura informal, que "dure tempo o bastante para fazer o tempo voar".

A única decepção do projeto ficou por conta de seu lançamento. A ocasião merecia a presença de uma convidada ilustre que, de acordo com o escritor, não pode comparecer. "Queria chamar a Vanusa para cantar o hino nacional. Ia calhar muito bem com o tema", brinca o comediante, lembrando o fato de a cantora ter errado a letra da patriótica obra musical em evento.




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