O governo Carlos Grana (PT) prepara o envio à Câmara de projeto de lei que altera uso, ocupação e parcelamento do solo ao longo da Avenida dos Estados para tentar ocupar com empresas o 1,9 milhão de metros quadrados, atualmente ocioso ou subutilizado, existente ao longo da via. Trata-se de medida certeira. É obrigação do município atuar para a reabilitação de área importante de seu território. A movimentação pode contribuir, inclusive, para combater os efeitos da crise econômica que afeta o recolhimento de impostos e ceifa empregos.

Acredita-se, na Prefeitura de Santo André, que o fato de a legislação atual permitir o uso misto dos terrenos iniba o interesse dos empresários pelo endereço, já que as atividades podem criar conflitos com os moradores da vizinhança. Ao propor a proibição da instalação de residências ao longo da avenida, a administração pretende colocar fim à preocupação, deixando o espaço mais atrativo.

Sabe-se, historicamente, que o barulho e a movimentação de veículos pesados, características inerentes ao exercício de atividades comerciais e industriais, perturbam o sossego alheio e causam reações adversas da comunidade. Ou seja, tornam-se mais um passivo para ser administrado. Por isso, ao prospectar endereços para futuros negócios, investidores costumam, de pronto, descartar áreas sujeitas a este tipo de contratempo.

Santo André, caso a proposta avance, estará se tornando mais interessante aos olhos de potenciais comerciantes e industriais. Caso dê os frutos pretendidos, o reordenamento dos espaços urbanos pode se sedimentar como instrumento eficiente da política de atração de novos negócios, tornando-se paradigma a ser seguido por outros municípios. Crises são oportunidade para se ousar, para ir além do arroz com feijão convencional. Finalmente, encontra-se outra maneira de chamar a atenção de investidores que não seja a guerra fiscal e o pacote de benesses, como a doação de terrenos e a realização de obras de infraestrutura. Que a ideia prospere e a cidade faça história. Essa é a torcida da sociedade.