O acirramento da possível disputa no processo eleitoral de São Paulo entre os pré-candidatos do PT, Fernando Haddad, e do PMDB, Gabriel Chalita, interfere diretamente nas negociações no Grande ABC. São Bernardo e Santo André entrariam nas tratativas por acordo para conseguir eventual união na Capital, dobradas que seriam fechadas em bloco para agraciar ambos os lados, repetindo a parceria de Dilma Rousseff e Michel Temer que rendeu frutos em Brasília.

A aliança em pacote, idealizada inicialmente pelo PT estadual, visa primordialmente eliminar a potencial candidatura adversária de Chalita e, consequentemente, reforçar o nome de Haddad para, teoricamente, concorrer com maior capilaridade eleitoral contra o indicado do prefeito Gilberto Kassab (PSD) - ainda sem a escolha do postulante - à sucessão em outubro. Diante do cenário, os petistas abririam a chapa oposicionista para que o PMDB acene pela nomeação do vice.

O plano traçado em São Paulo vincularia as duas cidades da região, oferecendo a possibilidade de os peemedebistas indicarem o parceiro de chapa dos petistas Luiz Marinho, pela reeleição em São Bernardo, e do deputado estadual Carlos Grana, em Santo André, o que, em tese, compensaria a desistência na Capital. No meio político é certo que, assim como Haddad, os dois pleiteantes locais do PT ingressarão no páreo com forte estrutura de campanha e ‘contribuição' de ministros de Dilma, que desembarcarão em massa para engrossar os projetos.

Com o anúncio de ‘aposentadoria' do campo majoritário do vice de São Bernardo, Frank Aguiar (PTB), e construção do diálogo para ampliar o arco de alianças de Grana, até agora, nem Marinho nem o prefeiturável andreense possuem definição sobre o número dois da chapa. Pedindo anonimato, um petista, integrante da executiva estadual, informou que, inclusive, São Caetano passou pela proposta, mas sem avanço. "São conjecturas que, de fato, estão sendo cogitadas dentro do diretório."

Antes de iniciar o tratamento contra um câncer na laringe, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) era o principal articulador do acerto ‘em baciada', especialmente para ajudar o afilhado político em São Paulo. Apesar de Haddad ocupar o Ministério da Educação, pesquisas mostram que ele não é um nome conhecido da população. O lado positivo é que a configuração também o coloca com baixa rejeição.

Na concepção de petistas, uma vitória na Capital e em cidades-chave da Região Metropolitana produziria condições bem favoráveis na tentativa de conquistar na eleição de 2014, pela primeira vez, o governo do Estado.

Em São Bernardo, o PMDB municipal estuda, mesmo projetando outras alternativas, lançar candidatura própria com o vereador Tunico Vieira. Possibilidade que há como ser revertida. Na cidade gerida pelo prefeito Aidan Ravin (PTB), o partido planeja sacramentar o apoio até o fim de janeiro após reunião de Temer com o governo. Caso não seja aberta a garantia de indicação do vice na raia governista, o caminho natural tende a ser o acordo com o PT.