Cerca de 3 mil pessoas, segundo estimativa do SindiAlimentação (Sindicato da Indústria da Alimentação do Espírito Santo), ‘abraçaram’ nesta terça-feira a fábrica de chocolates Garoto, que ocupa uma área de 45 mil metros quadrados do bairro da Glória, em Vila Velha (ES). A manifestação, que contou com a participação do governador em exercício, Lelo Coimbra (PSB), foi em protesto contra a decisão do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) de que seja desfeita a compra da Garoto pela Nestlé, efetivada há quase dois anos.

Nesta terça também foi publicada a ata da reunião do Cade. O órgão tem agora 15 dias para publicar a decisão em Diário Oficial. Como, no prazo previsto, a publicação seria na terça-feira de carnaval, o acórdão deve sair no Diário Oficial apenas no dia 26. Nesta mesma data, o governo do Espírito Santo deve dar entrada em um recurso judicial para anular o julgamento do Cade, que por cinco votos a um determinou a venda da Garoto a um concorrente da Nestlé que, necessariamente, detenha menos de 20% do mercado.

‘‘Como diria Nelson Rodrigues, não sei se essa decisão foi de má-fé cínica ou de uma obtusidade córnea’’, ironizou o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico do Espírito Santo, Júlio Bueno. O Cade fixou o prazo de cinco meses para a venda, a partir da publicação no Diário Oficial. O SindAlimentação também está preparando um recurso judicial, mas sem entrar no mérito da decisão do órgão regulador. ‘‘Nossa ação judicial será para tentar garantir a manutenção dos três mil empregos e a permanência da fábrica em Vila Velha’’, diz Linda Morais, presidente da entidade.

Nesta quarta-feira, representantes do Estado irão em peso à audiência no Senado convocada por Gérson Camata (PMDB-ES). Foram convidados a prestar esclarecimentos o presidente do Cade, João Grandino Rodas, o relator do processo, Thompson Almeida Andrade, e o secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça, Daniel Goldenberg, além do presidente da Nestlé, Ivan Zurita.