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Juiz pode chamar Febem para resolver questão no Grande ABC
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
12/11/2004 | 12:59
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O juiz da Vara da Infância e Juventude de São Bernardo, Luiz Ditomasso, afirmou que pode chamar o presidente da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor), Alexandre de Moraes, para fazer um acordo sobre a construção de unidades em São Bernardo e Diadema.

Isso porque o juiz deve julgar, até o fim do ano, uma ação civil pública movida pelo MP (Ministério Público) de São Bernardo em 1º de abril de 2003, que reivindica a construção de uma unidade em cada cidade para que os jovens infratores de toda região possam ficar mais perto de suas famílias, contribuindo para a melhor ressocialização e diminuindo a superlotação que existe em muitas unidades da capital.

Atualmente, 441 jovens do Grande ABC estão em instalações da Febem, principalmente nas unidades Raposo Tavares e Tatuapé. As cidades com maior número de infratores na região são Santo André (136), São Bernardo (133) e Diadema (120).

Moraes anunciou que o Grande ABC deverá abrigar duas unidades da Febem em 2005, mesmo que as Prefeituras não entrem em acordo para ceder terreno. “O desejo do governo do Estado e o mérito dessa ação têm tudo a ver. Talvez eu possa chamar representantes da Febem e do MP para que seja feito um acordo. No entanto, não há nada decidido”, disse o juiz Luiz Ditomasso.

A Febem, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que atenderá o chamado do juiz, caso seja feito, e que aguardará o julgamento definitivo da ação.

“Não posso entrar muito no mérito da ação. Entretanto, considero um absurdo uma mãe viajar três horas para Franco da Rocha, por exemplo, para ver seu filho, e demorar outras três horas para voltar”, afirmou o juiz.

As declarações de Ditomasso foram feitas durante e após o seminário Adoção e Tratamento para Dependentes Químicos, realizado nesta quarta à noite na sede da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Bernardo. Discutiu-se, entre outros assuntos, a implantação da Febem na região.

“As unidades são necessárias no Grande ABC para que seja facilitada a reintegração dos adolescentes na vida social. Se eles ficarem longe das famílias, esse processo se torna mais difícil”, disse a promotora de Infância e Juventude de São Bernardo, Vera Lúcia Acayba Toledo, autora da ação civil pública.

A coordenadora do grupo técnico do Movimento Criança Prioridade 1, Marlene Zola, representante do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, afirmou que o ideal seria a construção de três unidades ao mesmo tempo, para não ocorrer superlotação.

“Essas futuras unidades não podem seguir o modelo de São Paulo. Vamos brigar para que tenham, no máximo, 60 jovens, e que não sejam iguais a presídios”, afirmou o coordenador do projeto Meninos e Meninas de Rua de São Bernardo, Ademar Oliveira.

A opinião é compartilhada pela presidente da Amar (Associação de Mães e Amigos da Criança e do Adolescente em Risco), Conceição Paganele. “Nas últimas unidades construídas, na Raposo Tavares e Vila Maria, só existem duas coisas: prisão e couro (agressões)”, disse Conceição.




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