Economia Titulo Crise automotiva
Volks negocia para pôr 1.000 em lay-off

Empresa discute com sindicato a ampliação do número de suspensos; hoje são 200

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
23/06/2015 | 07:05
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Celso Luiz/DGABC


O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC negocia com a Volkswagen a ampliação do número de pessoas em lay-off para a fábrica Anchieta, em São Bernardo. Atualmente já há 200 trabalhadores com contratos suspensos temporariamente desde o dia 1º de junho e, segundo a entidade dos trabalhadores, pelo menos 1.000 podem ser afastados a partir do dia 6 por essa sistemática. A montadora não quis fazer comentários sobre a negociação.

Pelas regras do lay-off, instituído por lei com o objetivo de preservar postos de trabalho em períodos de crise, os empregados ficam em casa por até cinco meses, recebendo parte da renda paga pela empresa e tendo a complementação (equivalente ao valor do seguro-desemprego, hoje com teto de R$ 1.385,91) arcada pelo governo federal com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), desde que passem por cursos de qualificação no período do afastamento.

A montadora tem acordo que prevê garantia de emprego até 2019 e, em meio ao cenário de vendas retraídas e pátios lotados de carros, a negociação tem como alvo a manutenção dos postos, segundo o diretor de organização do sindicato, José Roberto Nogueira da Silva, o Bigodinho. “Não vamos aceitar demissões”, assinala. A empresa estima atualmente ter cerca de 2.000 excedentes na fábrica, que conta hoje com 11,8 mil trabalhadores, acrescenta o dirigente.

UM TURNO A MENOS - Além da ampliação do lay-off, também está em discussão o fim do terceiro turno na unidade Anchieta, para diminuir o ritmo da produção. Hoje saem das linhas de montagem da planta fabril da região 1.050 carros por dia e, com a mudança, esse volume cairia para cerca de 850, afirma Bigodinho.

Seria uma forma de se adequar à demanda do mercado nacional que, nos primeiros cinco meses do ano, registram redução de 20,9% na comercialização de veículos zero-quilômetro na comparação com igual período de 2014. No caso da Volkswagen, os licenciamentos de automóveis novos registram retração de 30,8% ante o número de janeiro a maio do ano passado.

E toda a indústria automobilística brasileira está com os estoques cheios. De acordo com dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), em maio, havia 361 mil veículos parados nos pátios das montadoras e das concessionárias, o correspondente a 51 dias para desova pelo ritmo atual das vendas.

MERCEDES-BENZ - Trabalhadores em lay-off demitidos pela Mercedes-Benz completaram ontem o 15º dia de acampamento, em praça nas imediações da fábrica da montadora em São Bernardo, para protestar contra os cortes e na tentativa de pressionar para a empresa voltar atrás nessa decisão. A montadora anunciou, no fim do mês passado, a rescisão de contratos de 500 empregados suspensos.

Desse contingente, 195 pegaram o PDV (Programa de Demissão Voluntária) oferecido pela montadora (R$ 55 mil de benefício, mais a verba rescisória), e os outros optaram por se mobilizar para tentar recuperar os empregos. A empresa, além de decidir pelos cortes, informou recentemente que tem outros 1.750 excedentes em atividade na fábrica. 




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