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Alugue um amigo
20/05/2010 | 07:00
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Visitar uma metrópole e seus pontos turísticos é fácil. Basta consultar qualquer guia. Em São Paulo, você acabará na Pinacoteca do Estado, no Parque do Ibirapuera, no Masp (Museu de Arte de São Paulo). No Rio, a indicação do guia será Pão de Açúcar, Corcovado, praias famosas. Difícil, porém, é se misturar à população local, encontrar lojas em ruas escondidas e restaurantes com os melhores preços. Foi pensando em turismo alternativo que a jornalista Alice Moura, 27 anos, criou o serviço "Rent a Local Friend" (www.rentalocalfriend.com) - na tradução, "Alugue um Amigo Local".

Ela administra o site, que tem 33 ‘amigos locais' cadastrados como guias para programas fora do grande circuito turístico em 20 metrópoles de 13 países. A ideia veio de um blog que mantinha sobre dicas de turismo, quando morava em Londres. "Uma internauta perguntou quanto eu cobraria para passear com o irmão dela por lugares que eu indicava. Na época, não tive tempo, mas fiquei com essa ideia na cabeça", conta.

Quando foi morar em Lisboa, há dois anos, ela colocou o projeto em prática e passou a oferecer companhia a estrangeiros para levar aos lugares dos quais mais havia gostado, fora do circuito turístico. "Começou como brincadeira, mas as pessoas gostaram e quiseram participar."

Alice destaca que os roteiros são definidos seguindo preferências dos amigos locais. "Não há roteiro fixo." O passeio de dois dias em São Paulo, para três pessoas, por exemplo, custa cerca de R$ 480 - 70% vai para o ‘local'.

PAULISTANAS - Em São Paulo, há duas pessoas disponíveis para eventuais passeios. "Como morei na Europa e nos Estados Unidos, quando algum amigo viajava, eu fazia roteiros informais para ele. Na volta, o que mais ouvia era ‘como foi que você descobriu esse lugar?' Assim percebi esse potencial", afirma a administradora Camilla Radesco, 32, ‘amiga local' desde outubro.

"Levo a pontos tradicionais, como o Ibirapuera, o Masp, mas no caminho paramos em lugares ‘meus': a feira de artesanato na Vila Madalena que frequento aos domingos, um sushi na Liberdade que é meu point, uma ruazinha em Higienópolis que tem um café ótimo. Pontos onde o turista não pararia se fosse com guia tradicional."

A outra ‘amiga local' na Capital, a publicitária Nathalia Souto, 25, tem roteiro noturno bem definido: já levou suíços, ingleses e austríacos aos botecos da Rua Augusta. "Uma turista inglesa comparou o pessoal da Augusta aos grupos de jovens de Camden Town, em Londres. Interessante mostrar a eles essa faceta cosmopolita que temos."

CARIOCAS - No Rio, há quatro ‘amigos locais' com perfis bem diferentes para oferecer passeios também ecléticos. Uma é surfista. A outra, chef de cozinha. A terceira é professora e a quarta, diretora de cinema. O passeio é feito na folga da ocupação principal de cada uma.

A primeira a se cadastrar foi a diretora de cinema Nani Escobar, 31. "Converso antes com a pessoa, por e-mail, para saber o que ela gosta de fazer, de comer, o que espera ver no Rio. Uma vez, por exemplo, fiz circuito de samba e choro com uma cliente que gostava de música. Ela quase chorou de alegria."

A mais nova integrante da trupe é a chef Ludmila Lacerda, 31. "Ofereço percorrer a orla do Rio de moto." Cerca de 200 pessoas já usaram o serviço nas cidades incluídas no roteiro. A supervisora de frete internacional Carolina Pinheiro, 30, de Campinas, contratou uma ‘amiga' em Roma. "Em dois dias, descobri lugares que não conheceria de outra forma. Valeu a pena."




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