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Governo gaúcho acusa ministério pela propagaçao de aftosa
Do Diário do Grande ABC
26/08/2000 | 16:42
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O secretário gaúcho da Agricultura, José Hoffmann, acusou este sábado o ministério da Agricultura de responsabilidade na propagaçao da febre aftosa em Jóia (RS), por ter sabido do primeiro foco através de exames laboratoriais e nao ter comunicado isso ao governo do RS por 10 dias. Com isso, impediu que o governo gaúcho atuasse com mais rapidez no combate da doença e evitasse a sua disseminaçao e que se propagou em mais três fazendas.

O ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, que virá quinta-feira à Expointer, a maior exposiçao agropecuária da América Latina, na cidade metropolitana de Esteio, aberta nesta sexta, deverá fazer uma reuniao com seus colegas da Argentina e Uruguai, convidados da feira, para discutir entre outras questoes exatamente o combate à aftosa na área do Mercosul.

O episódio da aftosa provocou uma troca de críticas do ministério e da secretaria da Agricultura do RS, com o secretário de Defesa Agropecuária do ministério, Luís Carlos de Oliveira, acusando que os focos surgiram por falta de vacinaçao ao longo do último ano nos rebanhos em Jóia. ``Uma grosseira mentira' retrucou Hoffamann, baseando-se num levantamento dos seus técnicos na regiao e também no secretário municipal da Agricultura daquele município, Adao Ramos, de que houve cobertura vacinal do gado.

Segundo Hoffmann, a hipótese mais provável dos focos é da presença de gado argentino ou paraguaio adquirido por algum produtor rural, um dos quais, sem citar seu nome, costuma realizar compras e possui um rebanho maior do que o número de fichas de animais vacinados. Outra investigaçao se relaciona a parentes de alguns dos quatro pequenos pecuaristas de Jóia e que vivem no Paraguai e que podem ``ter trazido o vírus nas suas roupas ou na pele'.

Hoffmann, numa entrevista à Rádio Gaúcha de Porto Alegre, também responsabilizou o ministério da Agricultura pelo atraso, por 10 dias, na comunicaçao da existência do primeiro foco de aftosa, detectado em laboratório, o que atrasou o combate da doença.

Vacinaçao - Luís Carlos de Olveira, do ministério, em entrevistas, também informou que o estado deixou de aplicar cerca de R$ 800 mil de mais de R$ 2 milhoes liberados pelo governo federal no combate e prevençao destas doenças "É uma deslavada mentira', respondeu Hoffmann, indignado. ``Gastamos R$ 16 milhoes ano passado na defesa sanitária animal. Fizemos convênio com o ministério em 25 de outubro de 1999, que nao teve nenhum efeito porque nao houve repasse dos recursos. Em 25 de fevereiro de 2000, finalmente conseguimos a liberaçao dos recursos que foram sendo gastos, faltando estes R$ 800 mil na seqüência normal da aplicaçao do dinheiro'.

Ele contrapôs que o ministério quer desviar a atençao da ``negligência da fiscalizaçao federal', comprovada em junho quando o RS detectou e destruiu carne bovina com osso proveniente de estados onde existe casos de aftosa.

Medidas ditatoriais - Na inauguraçao da Expointer, em Esteio (RS), nesta sexta,a maior exposiçao agropecuária da América Latina, junto ao pórtico de entrada, o governador Olívio Dutra reiterou estar tomando todas as medidas para o controle da doença, já devidamente cercada, e retomar ``no menor espaço possível' a condiçao do estado de zona livre de aftosa. Um total de 4.131 animais já estao na Expointer, superando em 11% o total do ano passado.

Na noite passada, numa entrevista, Olívio classificou de ``precipitadas, irresponsáveis e ditadoriais' medidas tomadas pelo ministério da Agricultura que ampliaram as limitaçoes de saída de animais do RS para o resto do país e nao apenas a área atingida. O governador petista alega que a área que abrange oito municípios já está cercada e sob controle de barreiras, nao sendo necessário ampliar as limitaçoes para todo o estado.

O abate de animais contaminados ou da área afetada iniciou na noite passada, com o sacrifício de 21 bovinos e suínos, prosseguindo neste domingo.




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