Turismo Titulo Vale do Itajaí
A Europa do Brasil

Influência de italianos e alemães dá o tom à paisagem, à
cultura e aos pratos típicos do Vale Europeu Catarinense

Fábio Munhoz
Enviado a Santa Catarina
12/01/2012 | 07:09
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Um pedaço da Europa dentro do Brasil. Esta é a melhor forma de definir o circuito composto por nove municípios localizado a 170 quilômetros de Florianópolis, em Santa Catarina. Não é à toa que a região foi batizada de Vale Europeu Catarinense. A forte influência dos imigrantes alemães e italianos dá o tom à paisagem e à cultura local, além, é claro, da gastronomia. Fazem parte do roteiro as cidades de Pomerode, Timbó, Benedito Novo, Rio dos Cedros, Doutor Pedrinho, Indaial, Rodeio, Ascurra e Apiúna.

Um dos principais destaques da região é Pomerode, considerada a cidade mais alemã do Brasil. Por lá, a tradição germânica é forte a ponto de ser comum encontrar pessoas conversando em alemão pelas ruas. Apesar das conversas no idioma estrangeiro, os visitantes não se sentem excluídos, pois a população local é simpática e receptiva.

As influências alemãs atingem também as construções, grande parte feita no estilo arquitetônico enxaimel. A técnica secular consiste em começar as edificações pelas estruturas de madeira encaixadas umas nas outras. Com o esqueleto pronto, são adicionados tijolos ou pedras. Para incentivar a manutenção da tradição germânica nos imóveis da cidade, a Prefeitura oferece isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano aos proprietários de prédios que conservem as características antigas originais.

Já na cidade de Rodeio, a imigração predominante se deu por parte dos italianos, especificamente da província de Trento. Lá, a tradição alemã dá lugar à cultura da Itália, percebida principalmente na culinária.

Para os amantes do ciclismo e dos esportes radicais, a região oferece diversas opções de lazer. A começar pelo traçado de 300 quilômetros que inicia e termina no município de Timbó. A rota é dividida em duas partes - a alta e a baixa - e passa prioritariamente por estradas de terra. Enquanto pedala, o ciclista observa as belas paisagens, compostas por muito verde, rios e cachoeiras. Outro traçado, de 200 quilômetros, é destinado aos mochileiros.

O gestor de Turismo do Consórcio Intermunicipal do Médio Vale do Itajaí, Ademir Winkelhaus, 48 anos, explica que a ideia de criar o nome Vale Europeu Catarinense surgiu para dar mais visibilidade aos municípios. "Aqui na região já temos Blumenau e Joinville, que são autossuficientes no turismo. Então, precisávamos fazer algo para trazer o turista especificamente para cá e conhecer as peculiaridades da cultura de cada uma das cidades."

Quem pretende conhecer o Vale Europeu pode ir de avião e desembarcar nos aeroportos de Navegantes (a 80 quilômetros), Joinville (100) ou Florianópolis (170). A região fica localizada a 650 quilômetros da Capital paulista.

Os prazeres da gastronomia típica

Schlachtplatte, bockwurst, kassler. Os nomes desses pratos soam estranho aos nossos ouvidos, mas podem ser encontrados facilmente nos restaurantes do Vale Europeu Catarinense. A culinária alemã típica, de sabor marcante, é o forte da região, composta por nove municípios.

Um dos ingredientes mais apreciados é o joelho de porco. No restaurante Wunderwald, em Pomerode, o schlachtplatte é boa opção para quem deseja desfrutar da carne. Além do joelho, o prato é composto por kassler (bistecas de porco), bockwursts (salsichas), chucrute (repolho condimentado), raiz forte, purê de batatas, ervilhas na manteiga, arroz branco e, claro, mostarda.

O restaurante também oferece marreco recheado assado, bastante solicitado entre os frequentadores. Para quem quiser conhecer um pouco de cada prato, a casa oferece porção típica para duas pessoas, composta por marreco, bistecas e joelho de porco. Os pratos podem ser acompanhados pelo chope artesanal Schornstein.

Por conservar fielmente as tradições alemãs, o estabelecimento recebe muitos turistas estrangeiros. Para identificar a nacionalidade de cada um, sobre a mesa é colocada bandeira do país de origem. A sensação de estar na Europa é grande a ponto de o brasileiro sentir-se visitante de fora. Tanto é que, na mesa em que a equipe do Diário estava, foi colocada a bandeira brasileira. No momento da visita, o restaurante recebia fregueses uruguaios e alemães.

Os apreciadores da gastronomia italiana também vão encontrar na região boas opções de pratos. No Caminetto, em Rodeio, as iguarias alemãs dão lugar às massas e aos molhos de origem italiana. Para a entrada, a sugestão é a bruschetta, pão italiano crocante recheado com ricota, molho de tomate e um toque de nozes e manjericão. Outra opção é a sopa de agnolini (macarrão semelhante ao capeletti, mas em tamanho maior) com frango.

Além dos macarrões e lasanhas tradicionais, a casa oferece o tradicional tortéi, feito com massa de abóbora e que leva molho de tomate e um toque de canela. Outra receita bastante pedida, segundo o proprietário Nilton Tomelin, 56 anos, é a fortaia, que leva ovos mexidos e queijo.

Ainda em Rodeio, o Vale das Trutas mantém cerca de dez variedades do peixe a R$ 38 por pessoa. Entre as diferentes apresentações estrela a truta ao vinho branco com creme de leite, castanha-do-pará, alecrim e frutas cristalizadas, ou ainda versões mais básicas, como a truta ao alho e óleo. O restaurante funciona há 15 anos no sítio da família da proprietária, a empresária Andrea Cordeiro Theilacker, 36.

 

O repórter viajou a convite do Consórcio Intermunicipal de Turismo do Médio Vale do Itajaí




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