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Torturador do Khmer Vermelho é condenado
Da AFP
26/07/2010 | 11:40
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Duch, o ex-chefe da temida prisão S-21 de Phnom Penh durante o regime cambojano do Khmer Vermelho (1975-79), foi condenado nesta segunda-feira a 30 anos de prisão por crimes contra a humanidade, ao término do primeiro julgamento conduzido por um tribunal patrocinado pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Aos 67 anos, Duch, cujo verdadeiro nome é Kaing Guek Eav, é o primeiro ex-dirigente khmer vermelho julgado e condenado por um tribunal internacional.

O tribunal, com sede em Phnom Penh, anunciou inicialmente que Duch seria condenado a 35 anos de prisão, antes de reduzir a pena para 30 anos.

"A Corte decidiu por maioria pronunciar uma pena de 35 anos de prisão", declarou um dos juízes, Nil Nonn. No entanto, acrescentou, a Corte "considerou apropriada uma redução de cinco anos, levando em conta as violações dos direitos humanos de Kaing Guek Eav durante sua detenção por um tribunal militar cambojano entre 10 de maio de 1999 e 13 de julho de 2007", antes do início dos serviços do tribunal.

A pena é inferior à pedida pelo promotor, que em novembro de 2009 reclamou 40 anos de prisão.

O ex-torturador, que respondia por crimes de guerra e crimes contra a humanidade, podia ter sido condenado à prisão perpétua.

Duch foi julgado por ter dirigido a prisão de Tuol Sleng, também conhecida como S-21, um ex-colégio de Phnom Penh, onde 15 mil pessoas foram torturadas entre 1975 e 1979.

Os torturados, assim que falavam o que os verdugos queriam ouvir, eram enviados a Choeung Ek, na periferia de Phnom Penh, para serem executados.

Cerca de dois milhões de cambojanos, ou seja, um quarto da população, morreu antes que os khmeres vermelhos perdessem o poder com a invasão vietnamita de janeiro de 1979.

"O papel do acusado enquanto chefe indiscutível da prisão de S-21 foi reconhecido por este último, e confirmado pelas declarações de testemunhas e de partes civis", declarou o juiz Nil Nonn, ao ler o veredicto.

"Cada pessoa detida na S-21 era condenada à execução, em conformidade com a linha do partido comunista de Kampuchea, consistente em arrasar a todos os inimigos", acrescentou.

O acusado ouviu pensativo o veredicto, protegido por um vidro antibalas instalado para evitar uma possível vingança.

A televisão e as rádios transmitiram ao vivo a audiência. Centenas de pessoas se reuniram diante do palácio da justiça para acompanhar a sessão.

Duch, ex-professor de matemática, expressou seu arrependimento no ano passado ante os juízes, apesar de ter voltado atrás no último dia do processo.

Argumentando que era apenas um funcionário do regime de Pol Pot, considerou que escapava de fato à competência do tribunal e solicitou sua libertação.

Com esta sentença termina o primeiro processo realizado pelo tribunal patrocinado pela ONU, criado em 2003 depois de intermináveis negociações entre o Camboja e a comunidade internacional, e que só começou suas atividades três anos mais tarde.




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