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Sharon e Peres podem fazer aliança para eleições israelenses
Da AFP
28/11/2005 | 12:03
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A possibilidade de uma aliança entre Ariel Sharon, de 77 anos, e Shimon Peres, 82, dois veteranos da política israelense, parecia crescer nesta segunda-feira, tendo como alvo as próximas eleições legislativas de março.

Peres anunciará sua decisão nos próximos dias, mas enquanto isso está sendo cortejado também pelo deputado sindicalista Amir Peretz, que tirou dele a chefia do Partido Trabalhista, no qual é considerado uma figura histórica. Ao mesmo tempo em que as especulações aumentam, a imprensa local questiona se não é hora do eterno número dois da política israelense se aposentar.

"Terei de tomar daqui a dois dias uma decisão muito difícil dada à história de Israel", declarou Peres aos jornalistas, sem descartar implicitamente uma aproximação com a nova formação de centro-direita criada por Sharon após sua ruptura com o Likud - o grande partido da direita nacionalista do Estado hebreu.

"Estes dois velhos guerreiros da política israelense pretendem reparar o erro herdado da guerra árabe-israelense de junho de 1967: a criação as colônias, o que impossibilitou a fixação das fronteiras do Estado judeu", comentou para a AFP o professor Yaron Ezrahi, do Departamento de Ciências Políticas da Universidade Hebraica de Jerusalém.

"Ao contrário do ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e do chefe da diplomacia Sylvan Shalom, que poderá suceder Sharon no Likud, ou Amir Peretz, na esquerda, Sharon e Peres não titubearão em tomar decisões difíceis ou inoportunas", destaca o professor Ezrahi.

"Pretendem explorar o fato de que nenhum dos dois tem nada a perder em sua carreira política. E o público está disposto a lhes dar o apoio necessário para que possam realizar um último ato para salvar o barco ao traçar as fronteiras de Israel", prosseguiu. Para o presidente israelense, Moshé Katsav, o futuro da Cisjordânia ocupada se concentrará nas eleições legislativas que serão realizadas no dia 28 de março em Israel.

"Debates que duram 38 anos estão agora no ponto em que será necessário se tomar uma decisão", declarou o presidente recentemente para a rádio pública, sublinhando que a eleição de março equivalerá, segundo ele, a um referendo sobre o futuro dos territórios palestinos.

Israel concluiu em setembro, sob a autoridade do primeiro-ministro Ariel Sharon, e apesar da forte oposição da ala radical do Likud, a retirada unilateral da Faixa de Gaza, colocando um ponto final a 38 anos de ocupação israelense. O objetivo anunciado de Sharon é agora fixar as fronteiras de Israel com a Cisjordânia, conservando os grandes blocos de colônias estabelecidas neste território. Contudo, a falta de definição das intenções de Peres provoca a exasperação tanto entre os trabalhistas como da imprensa.

O deputado trabalhista Yuli Tamir o acusou na rádio militar de fazer comércio político.

"Entre a honra que se deve se atribuir à sua enorme contribuição ao país ou o desrespeito pela atitude atual, é o segundo sentimento que corre o risco de prevalecer se não for recuperada a ética a tempo", escreveu nesta segunda-feira um jornalista do Yediot Aharonot.



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